30 de mai. de 2009

Bullying: é preciso levar a sério ao primeiro sinal

Entre os tantos desafios da escola – está posto mais um. O bullying escolar – termo sem tradução exata para o português – tem sido cada vez mais reportado. É um tipo de agressão que pode ser física ou psicológica, ocorre repetidamente e intencionalmente e ridiculariza, humilha e intimida suas vítimas. “Ninguém sabe como agir”, sentencia a promotora Soraya Escorel, que compõe a comissão organizadora do I Seminário Paraibano sobre Bullying Escolar, que reuniu educadores, profissionais da Justiça e representantes de governos nos dias 28 e 29 de março, em João Pessoa, na Paraíba. “As escolas geralmente se omitem. Os pais não sabem lidar corretamente. As vítimas e as testemunhas se calam. O grande desafio é convocar todos para trabalhar no incentivo a uma cultura de paz e respeito às diferenças individuais”, complementa.
A partir dos casos graves, o assunto começou a ganhar espaço em estudos desenvolvidos por pedagogos e psicólogos que lidam com Educação. Para Lélio Braga Calhau, promotor de Justiça de Minas Gerais, a imprensa também ajudou a dar visibilidade à importância de se combater o bullying e, por conseqüência, a criminalidade. “Não se tratam aqui de pequenas brincadeiras próprias da infância, mas de casos de violência, em muitos casos de forma velada. Essas agressões morais ou até físicas podem causar danos psicológicos para a criança e o adolescente facilitando posteriormente a entrada dos mesmos no mundo do crime”, avalia o especialista no assunto. Ele concorda que o bullying estimula a delinqüência e induz a outras formas de violência explícita.
Seminário - Organizado pela Promotoria de Justiça da Infância e da Adolescência da Paraíba, em parceria com os governos municipal e estadual e apoio do Colégio Motiva, o evento teve como objetivo, além de debater o assunto, orientar profissionais da Educação e do Judiciário sobre como lidar com esse problema. A Promotoria de Justiça elaborou um requerimento para acrescentar os casos de bullying ao Disque 100, número nacional criado para denunciar crimes contra a criança e ao adolescente. O documento será enviado para o Ministério da Justiça e à Secretaria Especial de Direitos Humanos.
Durante o encontro também foi lançada uma publicação a ser distribuída para as escolas paraibanas, com o objetivo de evidenciar a importância de um trabalho educativo em todos os cenários em que o bullying possa estar presente – na escola, no ambiente de trabalho ou mesmo entre vizinhos. Nesse manual, são apresentados os sintomas mais comuns de vítima desse tipo de agressão, algumas pistas de como identificar os agressores, conselhos para pais e professores sobre como prevenir esse tipo de situação e mostram-se, ainda, quais as conseqüências para os envolvidos.
Bullying vai muito além da brincadeira sem graça
Esse termo não tem um correspondente em português. Em inglês refere-se à atitude de um bully (valentão). Objeto de estudo pela primeira vez na Noruega, o bullying é utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica contra alguém em desvantagem de poder, sem motivação aparente e que causa dor e humilhação a quem sofre. “É uma das formas de violência que mais cresce no mundo”, afirma Cléo Fante, pedagoga pioneira no estudo do tema no país e autora de Bullying Escolar (Artmed). Segundo ela, o bullying pode acontecer em qualquer contexto social, como escolas, universidades, famílias, entre vizinhos e em locais de trabalho. “Identificamos casos de bullying em escolas das redes pública e privada, rurais e urbanas e até mesmo com crianças de 3 e 4 anos, ainda no Ensino Infantil”, comenta.
Para o presidente do Centro Multidisciplinar de Estudos e Orientação sobre o Buylling Escolar, José Augusto Pedra, o fenômeno é uma epidemia psico-social e pode ter conseqüencias graves. O que, à primeira vista, pode parecer um simples apelido inofensivo pode afetar emocional e fisicamente o alvo da ofensa. Crianças e adolescentes que sofrem humilhações racistas, difamatórias ou separatistas podem ter queda do rendimento escolar, somatizar o sofrimento em doenças psicossomáticas e sofrer de algum tipo de trauma que influencie traços da personalidade. “Se observa também uma mudança de comportamento. As vítimas ficam isoladas, se tornam agressivas e reclamam de alguma dor física justamente na hora de ir para escola”, detalha José Pedra.
Até as testemunhas sofrem ao conviver diariamente com o problema, mas tendem a omitir os fatos por medo ou insegurança. Geralmente, elas não denunciam e se acostumam com a prática – acabam encarando como natural dentro do ambiente escolar. “O espectador se fecha aos relacionamentos, se exclui porque ele acha que pode sofrer também no futuro. Se for pela internet, no cyberbullying, por exemplo, ela ‘apenas’ repassa a informação. Mas isso o torna um co-autor”, completa Cléo Fante.
O bullying, de fato, sempre existiu. O que ocorre é que, com a influência da televisão e da internet, os apelidos pejorativos foram tomando outras proporções. “O fato de ter conseqüências trágicas, como mortes e suicídios, e a falta de impunidade proporcionou a necessidade de se discutir de forma mais séria o tema”, aponta Guilherme Schelb, procurador da República e autor do livro “Violência e Criminalidade Infanto-Juvenil”.
Como identificar vítima e agressor
Depressão, baixo auto-estima, ansiedade, abandono dos estudos – essas são algumas das características mais usuais das vítimas. De certa forma, o bullying é uma prática de exclusão social cujos principais alvos costumam ser pessoas mais retraídas, inseguras. Essas características acabam fazendo com que elas não peçam ajuda e, em geral, elas se sentem desamparadas e encontram dificuldades de aceitação. “São presas fáceis, submissas e vulneráveis aos valentões da escola”, explica Cleo Fante, especialista no assunto.
Além dos traços psicológicos, as vítimas desse tipo de agressão apresentam particularidades, como problemas com obesidade, estatura, deficiência física. As agressões podem ainda abordar aspectos culturais, étnicos e religiosos. “Também pode acontecer com um novato ou com uma menina bonita, que acaba sendo perseguida pelas colegas”, exemplifica Guilherme Schelb.
Os agressores são geralmente os líderes da turma, os mais populares – aqueles que gostam de colocar apelidos nos mais frágeis. Assim como a vítima, ele também precisa de ajuda psicológica. "No futuro, este adulto pode ter um comportamento de assediador moral no trabalho e, pior, utilizar da violência e adotar atitudes delinqüentes ou criminosas", detalha LélioCalhau.
Como prevenir o problema na escola
Para evitar o bullying, as escolas devem investir em prevenção e estimular a discussão aberta com todos os atores da cena escolar, incluindo pais e alunos. Para os professores, que têm um papel importante na prevenção, alguns conselhos dos especialistas Cléo Fante e José Augusto Pedra, autores do livro Bullying Escolar (Artmed).
• Observe com atenção o comportamento dos alunos, dentro e fora de sala de aula, e perceba se há quedas bruscas individuais no rendimento escolar.
• Incentive a solidariedade, a generosidade e o respeito às diferenças através de conversas, trabalhos didáticos e até de campanhas de incentivo à paz e à tolerância.
• Desenvolva, desde já, dentro de sala de aula um ambiente favorável à comunicação entre alunos.
• Quando um estudante reclamar ou denunciar o bullying, procure imediatamente a direção da escola.
• Muitas vezes, a instituição trata de forma inadequada os casos relatados. A responsabilidade é, sim, da escola, mas a solução deve ser em conjunto com os pais dos alunos envolvidos.
Como a família pode ajudar
Os pais devem estar alertas para o problema – seja o filho vítima ou agressor pois ambos precisam de ajuda e apoio psicológico. Veja as dicas dos especialistas Cléo Fante e José Augusto Pedra, autores do livro Bullying Escolar (Artmed).
• Mostre-se sempre aberto a ouvir e a conversar com seus filhos.
• Fique atento às bruscas mudanças de comportamento.
• É importante que as crianças e os jovens se sintam confiantes e seguros de que podem trazer esse tipo de denúncia para o ambiente doméstico e que não serão pressionados, julgados ou criticados.
• Comente o que é o bullying e os oriente que esse tipo de situação não é normal. Ensine-os como identificar os casos e que devem procurar sua ajuda e dos professores nesse tipo de situação.
• Se precisar de ajuda, entre imediatamente em contato com a direção da escola e procure profissionais ou instituições especializadas.
FONTE: Revista Escola, Abril/2008

Brincadeiras ao Ar Livre




Os pais frequentemente dizem: "Sei que deveria levar meu filho ao parque, mas ... ". Brincar em áreas externas é muito importante para o desenvolvimento dele; então, participe de atividades ao ar livre o máximo possível. Tire seu filho do carrinho e deixe-o andar e explorar um pouco. Leve-o para caminhar descalço, sobre a grama e a areis - os dois são excelentes experiências táteis. Trabalhe o equilíbrio ao andar na guia da calçada. Trabalhe os músculos das pernas subindo morros. Se tiver condição e espaço, compre uma estrutura de parquinho para a sua casa. Não precisa ser um equipamento muito elaborado, apenas um pequeno escorregador e talvez um espaço para passar engatinhando. As crianças adoram estas estruturas e elas são maravilhosas para o tônus muscular e como estímulo vestibular e proprioceptivo.


Sentar em bancos também é uma maneira ótima de aumentar o controle postural. Seu filho deve se sentar com o quadril e os joelhos em ângulos de noventa graus, com os pés retos no chão. Faça a criança pegar uma bola que esteja de um lado e depois do outro. Segure a bola na distância do braço da criança, na altura da cabeça. Quando seu filho for pegar a bola, estimúle-o a pegar com as duas mãos. Isso faz os músculos abdominais trabalharem e estimula a rotação de tronco. Você também pode estimular a criança a pegar blocos ou algum brinquedo pequeno no chão para ajudar a fortalecer os músculos lombares.


Atividades mais pesadas são boas como estímulos proprioceptivos. Peça à criança que a ajude a empurrar caixas ou a carregar vários livros para você. Também continue a brincar de carrinho de mão. Quando seu filho tiver um ano e meio, você poderá começar a brincar com ele de cabo-de-guerra com uma toalha de mão (você segura sua ponta para cima e puxa um pouco). Durante atividades como esta, a contração dos músculos contra a resistência ajuda os músculos a trabalhar mais, e assim fortalecê-los. Pular em um trampolim ou balançar-se em uma barra , também é outra atividade excelente para fortalecer os músculos dessa maneira.


Os Playgrounds - no quintal ou no parque local - são uma parte maravilhosa, importante e integral na rotina semanal (se não diária) da criança. Eles ajudam as crianças a se socializar, a fortalecer o corpo e a estimular todos os sentidos.


(FONTE: Coordenação Motora - Tara Liddle com Laura Yorke)

18 de mai. de 2009

Dez coisas que toda criança com autismo gostaria que você soubesse.

1) Antes de tudo eu sou uma criança. Eu tenho autismo. Eu não sou somente "Autista". O meu autismo é só um aspecto do meu caráter. Não me define como pessoa. Você é uma pessoa com pensamentos, sentimentos e talentos. Ou você é somente gordo, magro, alto, baixo, míope. Talvez estas sejam algumas coisas que eu perceba quando conhecer você, mas isso não é necessariamente o que você é. Sendo um adulto, você tem algum controle de como se auto-define. Se quer excluir uma característica, pode se expressar de maneira diferente. Sendo criança eu ainda estou descobrindo. Nem você ou eu podemos saber do que eu sou capaz. Definir-me somente por uma característica, acaba-se correndo o risco de manter expectativas que serão pequenas para mim. E se eu sinto que você acha que não posso fazer algo, a minha resposta naturalmente será: Para que tentar?

2) A minha percepção sensorial é desordenada. Interação sensorial pode ser o aspecto mais difícil para se compreender o autismo. Quer dizer que sentidos ordinários como audição, olfato, paladar, toque, sensações que passam desapercebidas no seu dia a dia podem ser doloridas para mim. O ambiente em que eu vivo pode ser hostil para mim. Eu posso parecer distraído ou em outro planeta, mas eu só estou tentando me defender. Vou explicar o porquê uma simples ida ao mercado pode ser um inferno para mim: a minha audição pode ser muito sensível. Muitas pessoas podem estar falando ao mesmo tempo, música, anúncios, barulho da caixa registradora, celulares tocando, crianças chorando, pessoas tossindo, luzes fluorescentes. O meu cérebro não pode assimilar todas estas informações, provocando em mim uma perda de controle. O meu olfato pode ser muito sensível. O peixe que está à venda na peixaria não está fresco. A pessoa que está perto pode não ter tomado banho hoje. O bebê ao lado pode estar com uma fralda suja. O chão pode ter sido limpo com amônia. Eu não consigo separar os cheiros e começo a passar mal. Porque o meu sentido principal é o visual. Então, a visão pode ser o primeiro sentido a ser super-estimulado. A luz fluorescente não é somente muito brilhante, ela pisca e pode fazer um barulho. O quarto parece pulsar e isso machuca os meus olhos. Esta pulsação da luz cobre tudo e distorce o que estou vendo. O espaço parece estar sempre mudando. Eu vejo um brilho na janela, são muitas coisas para que eu consiga me concentrar. O ventilador, as pessoas andando de um lado para o outro... Tudo isso afeta os meus sentidos e agora eu não sei onde o meu corpo está neste espaço.

3) Por favor, lembre de distinguir entre não poder (eu não quero fazer) e eu não posso (eu não consigo fazer) Receber e expressar a linguagem e vocabulário pode ser muito difícil para mim. Não é que eu não escute as frases. É que eu não te compreendo. Quando você me chama do outro lado do quarto, isto é o que eu escuto "BBBFFFZZZZSWERSRTDSRDTYFDYT João". Ao invés disso, venha falar comigo diretamente com um vocabulário simples: "João, por favor, coloque o seu livro na estante. Está na hora de almoçar". Isso me diz o que você quer que eu faça e o que vai acontecer depois. Assim é mais fácil para compreender.

4) Eu sou um "pensador concreto" (CONCRETE THINKER). O meu pensamento é concreto, não consigo fazer abstrações.Eu interpreto muito pouco o sentido oculto das palavras. É muito confuso para mim quando você diz "não enche o saco", quando o que você quer dizer é "não me aborreça". Não diga que "isso é moleza, é mamão com açúcar" quando não há nenhum a mamão com açúcar por perto e o que você quer dizer é que isso e algo fácil de fazer. Gírias, piadas, duplas intenções, paráfrases, indiretas, sarcasmo eu não compreendo.

5) Por favor, tenha paciência com o meu vocabulário limitado.Dizer o que eu preciso é muito difícil para mim, quando não sei as palavras para descrever o que sinto. Posso estar com fome, frustrado, com medo e confuso, mas agora estas palavras estão além da minha capacidade, do que eu possa expressar. Por isso, preste atenção na linguagem do meu corpo (retração, agitação ou outros sinais de que algo está errado).Por um outro lado, posso parecer como um pequeno professor ou um artista de cinema dizendo palavras acima da minha capacidade na minha idade. Na verdade, são palavras que eu memorizei do mundo ao meu redor para compensar a minha deficiência na linguagem. Por que eu sei exatamente o que é esperado de mim como resposta quando alguém fala comigo. As palavras difíceis que de vez em quando falo podem vir de livros, TV, ou até mesmo serem palavras de outras pessoas. Isto é chamado de ECOLALIA. Não preciso compreender o contexto das palavras que estou usando. Eu só sei que devo dizer alguma coisa.

6) Eu sou muito orientado visualmente porque a linguagem é muito difícil para mim.Por favor, me mostre como fazer alguma coisa ao invés de simplesmente me dizer. E, por favor, esteja preparado para me mostrar muitas vezes. Repetições consistentes me ajudam a aprender. Um esquema visual me ajuda durante o dia-a-dia. Alivia-me do stress de ter que lembrar o que vai acontecer. Ajuda-me a ter uma transição mais fácil entre uma atividade e outra. Ajuda-me a controlar o tempo, as minhas atividades e alcançar as suas expectativas. Eu não vou perder a necessidade de ter um esquema visual por estar crescendo. Mas o meu nível de representação pode mudar. Antes que eu possa ler, preciso de um esquema visual com fotografias ou desenhos simples. Com o meu crescimento, uma combinação de palavras e fotos pode ajudar mais tarde a conhecer as palavras.

7) Por favor, preste atenção e diga o que eu posso fazer ao invés de só dizer o que eu não posso fazer.Como qualquer outro ser humano não posso aprender em um ambiente onde sempre me sinta inútil, que há algo errado comigo e que preciso de "CONSERTO". Para que tentar fazer alguma coisa nova quando sei que vou ser criticado? Construtivamente ou não é uma coisa que vou evitar. Procure o meu potencial e você vai encontrar muitos! Terei mais que uma maneira para fazer as coisas.

8) Por favor, me ajude com interações sociais. Parece que não quero brincar com as outras crianças no parque, mas algumas vezes simplesmente não sei como começar uma conversa ou entrar na brincadeira. Se você pode encorajar outras crianças a me convidarem a jogar futebol ou brincar com carrinhos, talvez eu fique muito feliz por ser incluído. Eu sou melhor em brincadeiras que tenham atividades com estrutura começo-meio-fim. Não sei como "LER" expressão facial, linguagem corporal ou emoções de outras pessoas. Agradeço se você me ensinar como devo responder socialmente. Exemplo: Se eu rir quando Sandra cair do escorregador não é que eu ache engraçado. É que eu não sei como agir socialmente. Ensine-me a dizer: "você esta bem?".

9) Tente encontrar o que provoca a minha perda de controle.Perda de controle, "chilique", birra, mal-criação, escândalo, como você quiser chamar, eles são mais horríveis para mim do que para você. Eles acontecem porque um ou mais dos meus sentidos foi estimulado ao extremo. Se você conseguir descobrir o que causa a minha perda de controle, isso poderá ser prevenido - ou até evitado. Mantenha um diário de horas, lugares pessoas e atividades. Você encontrar uma seqüência pode parecer difícil no começo, mas, com certeza, vai conseguir. Tente lembrar que todo comportamento é uma forma de comunicação. Isso dirá a você o que as minhas palavras não podem dizer: como eu sinto o meu ambiente e o que está acontecendo dentro dele.

10) Se você é um membro da família me ame sem nenhuma condição. Elimine pensamentos como "Se ele pelo menos pudesse…" ou "Porque ele não pode…" Você não conseguiu atender a todas as expectativas que os seus pais tinham para você e você não gostaria de ser sempre lembrado disso. Eu não escolhi ser autista. Mas lembre-se que isto está acontecendo comigo e não com você. Sem a sua ajuda a minha chance de alcançar uma vida adulta digna será pequena. Com o seu suporte e guia, a possibilidade é maior do que você pensa. Eu prometo: EU VALHO A PENA. E, finalmente três palavras mágicas: Paciência, Paciência, Paciência. Ajuda a ver o meu autismo como uma habilidade diferente e não uma desabilidade. Olhe por cima do que você acha que seja uma limitação e veja o presente que o autismo me deu. Talvez seja verdade que eu não seja bom no contato olho no olho e conversas, mas você notou que eu não minto, roubo em jogos, fofoco com as colegas de classe ou julgo outras pessoas? É verdade que eu não vou ser um Ronaldinho "Fenômeno" do futebol. Mas, com a minha capacidade de prestar atenção e de concentração no que me interessa, eu posso ser o próximo Einstein, Mozart ou Van Gogh. Eles também tinham autismo, uma possível resposta para alzaheim o enigma da vida extraterrestre - O que o futuro tem guardado para crianças autistas como eu, está no próprio futuro. Tudo que eu posso ser não vai acontecer sem você sendo a minha Base. Pense sobre estas "regras" sociais e se elas não fazem sentido para mim, deixe de lado. Seja o meu protetor seja o meu amigo e nós vamos ver ate onde eu posso ir. CONTO COM VOCÊ!!!
Por Ellen Nottohm (tradução livre - Andréa Simon)

15 de mai. de 2009

ENTREVISTA COM O NEUROLOGISTA INGLÊS OLIVER SACKS

MICHELLE APPLEBY: Bem vindo à Conferência On-Line Autismo 99, Dr. Sacks. Você é muito conhecido através de seu trabalho no campo da neurologia e também do público por seus livros, dois dos quais foram base para os filmes “À Primeira Vista” e “Tempo de Despertar”. Para aqueles que podem não ter ouvido falar em você, poderia dizer quem é e contar um pouco de sua experiência?
OLIVER SACKS: Bem, meu nome é Oliver Sacks. Nasci em Londres em 1933 e vim para os Estados Unidos em 1960; estou aqui desde então. Fui atraído para a Neurologia muito cedo, em parte, porque meus pais eram neurologistas. Em 1955 encontrei os surpreendentes pacientes sobre os quais escrevi e mais tarde foram mostrados em “Tempo de Despertar”. Acho que sempre fui interessado em condições extremas, que desafiam a resistência e a humanidade das pessoas e, de uma certa forma, as forçam a criar uma vida e uma identidade com uma base pouco comum. Com certeza, foi uma das razões que me levou a ver pessoas com a síndrome de Tourette e autismo entre outras condições.

MICHELLE APPLEBY: Sim, muito do seu trabalho tem sido sobre explorar o misterioso. Até onde você pode chegar na compreensão das muitas interações complexas que formam o cérebro humano?
OLIVER SACKS: Essa é uma pergunta difícil. O cérebro e a mente humana são inimaginavelmente complexos e, até recentemente, acho que havia pouca compreensão de fenômenos acima do nível de reflexo. Agora estamos olhando coisas como percepção visual – há cerca de 40 ou 50 sistemas diferentes, que estão envolvidos em analisar cor, orientação, profundidade, movimento, todos os tipos de parâmetros com percepção visual. A imagem que se forma na retina é apenas o começo de tudo isso. O que é tão difícil de entender é como todos esses 40 ou 50 sistemas estão orquestrados em conjunto, sem emendas, para nos dar uma imagem do mundo. Vemos o mundo colorido, em movimento, significativo, interessante, nossa atenção vagueia e somos realmente muito ignorantes neste ponto da natureza da consciência e atenção e que tipo de processos cerebrais poderiam estar envolvidos. Certamente, envolveria a sincronização de muitos, muitos sistemas em todas as partes do cérebro.
MICHELLE APPLEBY: O Autismo ainda é um distúrbio surpreendente, com teorias que vão desde as diferenças em composição cerebral a teorias sobre o desenvolvimento auto-imune. Como você vê os diferentes fios da pesquisa? Haverá uma causa única identificada ou você acha que o autismo se manifesta de formas diferentes e tem vários subgrupos?
OLIVER SACKS: Bom, para começar, antes de 1960, o autismo não era visto como uma condição orgânica. Certamente, Bettleheim e outros pensaram que era uma conseqüência de maus pais, em particular, de mães frias e relapsas. Acredito que toda uma geração de pais tenha se sentido culpada e pouco confortável por causa disso. Apenas na década de 60 a percepção mudou um pouco. Isso foi em parte por causa da epidemia de rubéola da época, e foi descoberto que as crianças de mães que tinham rubéola no primeiro semestre podiam ter várias formas de lesão cerebral e poderiam nascer cegas, surdas, retardadas ou autistas. Ou ainda todas essas coisas. Isso sugeriu muito fortemente uma origem biológica para autismo.
Obviamente, sejam quais forem os determinantes biológicos presentes, eles vão interagir com todos os tipos de determinantes humanos. A resposta de uma mãe à sua criança será parcialmente baseada na maneira que a criança reage. A troca tem de começar no primeiro dia de vida. Pode ser que a interação com uma criança com autismo seja errada ou peculiar desde o primeiro dia de vida. Com certeza isso foi sugerido, embora o autismo seja geralmente reconhecido no segundo ano de vida. Há mais e mais sugestões de que há algo lá no primeiro ano de vida. Desde o começo foram descritas formas ou manifestações diferentes do autismo. Na verdade, exatamente na mesma época, Kanner e Asperger... Kanner descrevendo uma forma de autismo infantil em que os afetados realmente nunca alcançaram linguagem muito boa e poderiam ser aprisionados em estereotipias. É interessante que Kanner e Asperger, em países diferentes, fizeram descrições que são tão semelhantes e convergem sobre o mundo do autismo para chegar à solidão essencial. O autismo tinha sido previamente usado como uma palavra relacionada à esquizofrenia, como uma manifestação dela. Não foi sugerido que o autismo infantil, que Kanner descreveu, era uma forma de esquizofrenia, entretanto havia essa solidão. Embora fosse sentido por ambos que a solidão não era a base do medo, defesa ou isolamento, e sim a base de alguma incapacidade de entender os sentimentos dos outros, expressar seus próprios e saber onde estão em um mundo repleto de sentimentos. Nos pacientes que Kanner descreveu, a linguagem nunca foi adequadamente desenvolvida e as pessoas tendiam a permanecer bastante deficientes. Na forma que Asperger descreveu, a linguagem e inteligência foram certamente possíveis, mas poderia ser um tipo diferente de vida. Entretanto, se as formas de Kanner e Asperger são partes separadas ou partes de um contínuo, não se sabe. Tenho a impressão de que o que chamamos de autismo é bastante heterogêneo, tanto na origem quanto no envolvimento.
MICHELLE APPLEBY: Parece haver uma incidência crescente de autismo em muitos paises, com porcentagens enormes de aumento sendo notada nos últimos 10 anos nos EUA. Qual é sua opinião sobre este aumento?
OLIVER SACKS: Não sei se é uma comparação justa, mas pensaria no suposto aumento na síndrome de Tourette como um paralelo. Em 1970 ou no final da década de 60, por exemplo, considerava-se que a síndrome de Tourette era muito rara, com incidência de talvez um caso em um milhão de pessoas. Depois de ver um caso de Tourette nas ruas de Nova York e então ver três mais no dia seguinte, perguntei-me se não estávamos de certa forma não enxergando essas pessoas. Pensei que se havia visto quatro pessoas em dois dias, isso devia ser mil vezes mais comum. Agora percebemos que Tourette é mil vezes mais comum. Sua incidência, falando de forma grosseira, é de um em mil e não um em um milhão. A síndrome não se tornou mais comum, simplesmente nos tornamos mais conscientes dela. Eu acho que o mesmo tipo de coisa deve acontecer com autismo. Talvez não fosse reconhecido ou não se falasse sobre isso. Vinte e cinco anos atrás, quando eu estava trabalhando em um hospital estadual em Nova York, as pessoas com autismo não eram claramente diferenciadas de pessoas com deficiência mental, esquizofrenia ou outras condições. Acredito que talvez haja uma percepção mais clara do que seja autismo.

MICHELLE APPLEBY: Você trabalhou com muitas pessoas capazes portadoras de autismo. Por que acha que diferentes terapias, como a arteterapia ou a musicoterapia, têm efeitos tão diferentes sobre as pessoas com autismo?
OLIVER SACKS: Primeiro, as pessoas com autismo, apesar de seu autismo ou em adição a ele, são tão diversas quanto qualquer outra pessoa. A música talvez, afete algumas pessoas e não outras. Algumas pessoas com autismo são superdotadas visualmente e outras não. Algumas são superdotadas em matemática e não outras. Acho que se tem de encontrar a área que os estimula e anima. Acredito que a terapia certa, que pode se tornar a ocupação certa para alguém com autismo assim como para qualquer um de nós, depende de seus interesses ou habilidades. Por exemplo, estou em um momento e humor muito botânicos. Estou usando uma camiseta do Kew Gardens e sei que pelo menos em alguma época, eles empregaram duas ou três pessoas com autismo que tinham talento e amor por desenho botânico. Dessa forma, desenho botânico era uma forma de terapia para eles, uma vocação, uma satisfação, não sei. Uma habilidade nem sempre corresponde a um sentimento. Sei que você entrevistou Temple Grandin, não sei se deveria dizer isso ou não. Pode ser que ela mesma tenha dito, Temple é muito musical de uma certa forma, tem boa memória musical, uma compreensão muito clara de forma musical, afinação absoluta, ela é interessada em música, mas não sei se desperta muito sentimento nela. Ela estava aqui em um Natal e me disse que iria a um concerto. Um concerto de Bach, com duas ou três partes, seria tocado. Ela imaginou se ele poderia ter escrito quatro ou cinco partes. Foi uma pergunta interessante e eu perguntei. “você gostou do concerto?” e ela disse que o achava muito, muito criativo mas que não tinha certeza de ter gostado. Sendo assim, não tenho certeza que música seria terapêutica para Temple. Pode ser um tipo de desafio para ela, mas não agrada muito. Já estar com animais e estar conectada aos sentimentos deles e seu modo de pensar é muito importante para ela. Torna-se sua terapia e sua profissão.

MICHELLE APPLEBY: Você acha que há vantagens para as pessoas com autismo e Asperger em estarem alienadas de suas emoções?
OLIVER SACKS: Acho que há certos pontos fortes que acompanham as síndromes autísticas, que podem oferecer vantagens. Acho que pessoas com autismo tendem a ter um grande poder de focalizar, que pode aparecer muito cedo. Tendem a desenvolver paixões intensas, às vezes chamadas de obsessões, mas não acho que se tenha de patologizar a palavra assim. Não importa se a paixão tem a ver com astronomia, ou como um Sherlock Holmes, que talvez fosse autista, de reconhecer 145 diferentes tipos de cinzas de charutos. Esse interesse intensamente focalizado pode ser um ponto realmente forte. Acredito que a relativa falta de envolvimento emocional às vezes pode ser uma vantagem. Temple, novamente, acha que pode ser um juiz particularmente bom de artigos científicos, já que ela sente não ter nada a perder, nenhum preconceito ou inclinação. Acho que posso tentar responder à sua pergunta fazendo referência a um cientista muito importante chamado Cavendish, que viveu no século XVIII. Ele pesou a terra, descobriu a composição da água, foi o primeiro a fazer hidrogênio - uma figura muito, muito importante. Os laboratórios Cavendish em Cambridge receberam o nome em sua homenagem, mas ele era um homem pouco comum. Tenho aqui parte de uma biografia de aproximadamente 1850. Vou ler um pedacinho, porque acho que soa como um bom exemplo de um gênio autista: “Ele não amava, não odiava, não tinha medo, não adorava como outros o fazem. Era quase sem paixão. Tudo que precisava de aplicação maior que o intelecto puro e que poderia requisitar o exercício de imaginação, afeição ou fé, desagradava a Cavendish. Uma cabeça intelectual, pensante. Um par de olhos maravilhosamente agudos, observadores e um par de mãos muito habilidosas em experimentar ou registrar, são tudo que eu percebo ao ler suas memórias. Seu cérebro parece ter sido apenas um motor para cálculos, seus olhos, ilhotas de visão, não fontes de lágrimas. Suas mãos, instrumentos de manipulação que nunca tremiam de emoção. Seu coração, apenas um órgão anatômico necessário para a circulação do sangue. Pode-se tentar entendê-lo mais que culpar. Cavendish não se mantinha distante de outros por orgulho ou espírito de superioridade, recusando-se a contar com seus companheiros. Ele se sentia separado por um grande golfo que nem ele podia atravessar, e através do qual era vão estender as mãos ou trocar cumprimentos. Era como um surdo mudo, sentado separado do círculo, cuja aparência e gestos mostram claramente que ouvem música e eloquência… Sabiamente, por conseqüência, ele se isolou e, dizendo adeus ao mundo, levou as visões auto-impostas de um ermitão científico e, como os monges de antigamente, fechou-se em sua cela, que era um reino suficiente para ele e, da estreita janela, ele via tanto do universo quanto se importava em ver. Foi um dos benfeitores de sua raça. Estava pacientemente ensinando e servindo a humanindade enquanto ela se afastava de sua frieza e de suas peculiaridades. Ele não foi um poeta, um padre, um profeta. Apenas uma inteligência fria e clara despejando luz pura, branca que dava brilho a tudo sobre o que caia, mas não aquecia nada. Uma estrela de pelo menos segunda, se não primeira magnitude no firmamento intelectual.”
Eu nunca havia visto esta citação e este é um livro muito raro para meu consultório, uma biografia. Mas, há tanta semelhança que tenho um quadro muito surpreendente. O biógrafo, que era um médico, imagina se isso é uma disposição inata de Cavendish ou se era devido a sofrimento precoce, pois sua mãe morreu quando ele tinha dois anos e provavelmente ele foi criado por um pai bastante ausente. Porém, é aquele tipo de força ou eficiência notáveis que são combinadas aqui. Então, em resposta a sua pergunta, é assim.

MICHELLE APPLEBY: Você escreveu dois livros que incluem casos de clientes do espectro autista. “O Homem que Confundiu Sua Esposa Com Um Chapéu” e “Um Antropólogo em Marte”. Nesses livros você descreve seus mundos com grandes detalhes, permitindo ao leitor alcançar um tipo de compreensão de como deve ser. Você acha que as pessoas que são típicas do ponto de vista neurológico deveriam se conscientizar mais das necessidades das pessoas com autismo e mudar seu comportamento para acomodar tais necessidades?
OLIVER SACKS: Em primeiro lugar, não estou tão certo do que típico ou normal significam e acho que há muitos modos de ser humano que podem ser ricos e completos, embora sejam muito diferentes. Isto é frequentemente trazido por pessoas com deficiência auditiva, que gostam de separar “surdo”, com s minúsculo, que quer dizer deficiente auditivo de surdo com “S” maiúsculo, que realmente significa pertencer a um grupo étnico, cultural e que linguisticamente, tem sua própria cultura, suas próprias sensibilidades, comunidade e língua. Desse modo, pessoas surdas, especialmente se usam sinais desde cedo, são parte de uma comunidade de surdos, não se sentem defeituosos ou doentes, mas sim diferentes. Também sentem que são completos em si mesmos. Acho que as pessoas com autismo, especialmente os super-dotados, podem às vezes se sentir da mesma forma. A própria Temple disse que “se pudesse estalar os dedos e me tornar não autista, não o faria porque ser autista é parte do meu modo de ser”. Agora Cavendish, de quem eu falei, foi muito reconhecido por seus contemporâneos, e eles tiveram de se adaptar a ele. Por exemplo, ele não tolerava ser olhado diretamente, que se falasse com ele diretamente. Se virassem para ele de modo que ele sentisse, para fazer uma pergunta, ele se encolhia. Era bem entendido que alguém tinha de estar em animada conversa com uma outra pessoa e, se o assunto o interessasse, então ele se aproximava da conversa e se juntava. Cavendish não conseguia tolerar a sociedade, apenas ocasionalmente tolerava interações com uma única pessoa. Todas as reações humanas são sobre adaptação mútua e, não sei o quanto isso é consciente, acho que empatia ajuda a adaptar. Acho que adaptação é muito importante. Porém, certamente com pessoas autistas, está se lidando, de certa forma, com uma outra variedade de seres humanos. Podem ser muito inteligentes, muito sensíveis e muito válidos de sua própria maneira, entretanto, pode ser uma maneira diferente. Acho que temos de nos adaptar um pouco, como eles o fazem. Foi dito há muito tempo por Diderot, no século XVIII que o problema das pessoas cegas não é a cegueira, mas sim não ver as pessoas. Em outras palavras, eles têm de se adaptar ao mundo da visão. Certamente para as pessoas que são totalmente cegas para cores, das quais já vi muitas, o problema é ter de aprender um vocabulário de cor, que não significa absolutamente nada para eles. Poderiam se virar muito bem sem ele. Até certo ponto, os autistas têm de aprender o vocabulário do que significa ser como nós. Acho que também temos de aprender o vocabulário deles e creio que a melhor forma de aprender sobre os surdos é ter um vizinho, amigo querido ou parente com essa deficiência. Da mesma forma, o melhor modo de aprender sobre autismo é se ver em um relacionamento com uma pessoa autista. Direi que acho que tenho alguns colegas autistas, se eles acham que sou um deles ou não, não sei. Sim, nós nos adaptamos o tempo todo. Eu espero.

MICHELLE APPLEBY: Bem, Dr. Sacks, muito obrigada.
OLIVER SACKS: Eu que agradeço.
Histórico de Oliver Sacks
Neurologista inglês nascido em 1933, Sacks escreve romances e prosas desde 1996. Suas obras são baseadas em relatos clínicos, intencionalmente transformados em textos literários. Seu livro “Tempo de Despertar” (1997) inspirou o filme homônimo com Robert De Niro e Robin Williams. É considerado pela crítica um excelente narrador, dono do raro dom de compartilhar com o leitor certos mundos que de outro modo permaneceriam desconhecidos ou restritos aos especialistas da área médica. Em “Um antropólogo em Marte” (1995), Sacks confirma a originalidade de sua prosa, dando ao relato clínico a dramaticidade de um verdadeiro gênero literário, assim como em “O homem que confundiu sua mulher com um chapéu” (1997). Em “Com uma perna só” (2003), sua obra mais recente, o médico se transforma em paciente e é obrigado a aprender lições de passividade num leito de hospital. Para o leitor, é a oportunidade de conviver com a intimidade de um homem de cultura, inteligência e sensibilidade únicas durante um dos momentos mais críticos - e férteis - de sua vida pessoal e profissional. O autor mora atualmente em Nova York, onde é professor de neurologia clínica do Albert Einstein College of Medicine.

Extraído de www.autismconnect.org

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