24 de abr. de 2012

O que é Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação ?

Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC) (APA, 2000) ocorre quando há atraso no desenvolvimento de habilidades motoras ou dificuldades para coordenar os movimentos, que resultam em incapacidade da criança para desempenhar as atividades diárias. O diagnóstico pode ser feito pelo médico, que vai se certificar de que:

1) os problemas de movimento não são devidos a qualquer transtorno físico,
neurológico ou comportamental conhecidos;

2) se mais de um transtorno está presente. As características das crianças com
TDC geralmente são notadas primeiro por aqueles mais chegados a elas, pois as dificuldades motoras interferem no desempenho acadêmico ou nas atividades de vida diária (ex.: vestir, habilidade para brincar no parquinho, escrita, atividades de educação física).

Acredita-se que o TDC afete 5% a 6% das crianças em idade escolar e tende a ocorrer mais freqüentemente em meninos. O TDC pode ocorrer sozinho ou pode estar presente na criança que também tem distúrbio de aprendizagem, dificuldade de fala/linguagem e/ou transtorno do déficit de atenção. Neste livreto, as dificuldades motoras discutidas são aquelas mais freqüentemente observadas em crianças com transtorno do desenvolvimento da coordenação.

Como Ocorrem as Dificuldades de Coordenação?

Não há uma resposta simples para esta pergunta, pois as dificuldades de coordenação
motora podem surgir por várias razões. Problemas podem ocorrer nas diferentes fases, a medida que as informações são processadas e usadas para desempenhar movimentos com habilidade. Nós estamos constantemente recebendo informações do ambiente que nos rodeia por meio dos vários sentidos.
 
Processo 1: A primeira possibilidade é que a criança pode ter dificuldade em interpretar e integrar a informação que está sendo recebida através da visão, tato, equilíbrio, posição das articulações ou pelo movimento dos músculos.

Processo 2: A segunda possibilidade é que a criança tem dificuldade para escolher o tipo de ação motora apropriada para a situação. Para selecionar uma ação, a criança tem que considerar o contexto no qual a ação acontece (ex.: A criança que está se aproximando para subir na calçada deve compreender que dar um passo para cima é mais ou menos como subir escada).

Processo 3: A terceira possibilidade é de que a criança pode ter dificuldade para formular o plano de ação na seqüência correta. A criança tem que organizar os requerimentos motores da tarefa numa seqüência de comandos, que comunicam aos músculos como desempenhar a ação requerida (ex.: Quando a criança se aproxima de degraus, ela tem que transferir o peso para uma perna antes de levantar a outra).

Processo 4: Finalmente, a mensagem que está sendo enviada aos músculos tem que
especificar a velocidade, força, direção e a distância a que tais músculos vão ser
movimentados. Quando a criança tem que se movimentar ou responder a alguma
bola em movimento), essas mensagens também têm que mudar. A criança pode ter
dificuldade para monitorar essa informação ou modificar as mensagens, para guiar e
controlar os movimentos, enquanto eles ainda estão ocorrendo.

Em resumo, a criança pode ter dificuldade para analisar as informações sensoriais do
ambiente; usar essas informações para selecionar o plano de ação desejado; dar seqüência aos movimentos motores individuais da tarefa; enviar a mensagem correta para produzir uma ação coordenada; ou integrar todas essas ações de modo a controlar o movimento enquanto ele está ocorrendo. O resultado de qualquer um desses problemas é o mesmo. A criança vai parecer incoordenada, desajeitada, e vai ter dificuldade para aprender e desempenhar tarefas motoras novas.

Aspectos Característicos de Crianças com TDC

Quando descrevemos crianças com TDC, é importante reconhecer que elas formam um grupo muito variado. Algumas têm dificuldade em várias áreas, enquanto outras
podem ter problemas apenas com certas atividades.

Listamos abaixo algumas das características mais comunsque podem ser observadas na criança com TDC.

Características Físicas

1. A criança pode parecer desajeitada ou incoordenada em seus movimentos. Ela pode trombar, derramar ou derrubar coisas.

2. A criança pode ter dificuldade com habilidades motoras grossas (corpo inteiro), habilidades motoras finas (usando as mãos) ou ambas.

3. A criança pode ter atraso no desenvolvimento de certas habilidades motoras, tais como: andar de velocípede ou bicicleta, agarrar bola, manejar faca e garfo, abotoar a roupa e escrever.

4. A criança pode apresentar discrepância entre suas habilidades motoras e habilidades em outras áreas. Por nexemplo, as habilidades intelectuais e de linguagem podem ser altas, enquanto as habilidades motoras atrasadas.

5. A criança pode ter dificuldade para aprender habilidades motoras novas. Uma vez
aprendidas, certas habilidades motoras podem ser desempenhadas muito bem, enquanto outras podem continuar a ser desempenhadas de maneira pobre.
 
6. A criança pode ter mais dificuldade com atividades que requerem mudança constante na posição do corpo, ou adaptação a mudanças no ambiente (ex.: futebol, beisebol, tênis ou pular corda).

7. A criança pode achar difíceis as atividades que requerem o uso coordenado dos dois lados do corpo (ex.: recortar com tesoura, cortar alimento usando faca e garfo, fazer polichinelo, segurar um bastão com duas mãos para acertar na bola, ou manejar o bastão de hockey).

8. A criança pode apresentar equilíbrio pobre e/ou evitar atividades que requerem essa habilidade.

9. A criança pode ter dificuldade em escrever. Essa é uma atividade que envolve
interpretação contínua da resposta dos movimentos da mão, enquanto novos movimentos são planejados, o que é muito difícil para a maioria das crianças com TDC.

Características Emocionais/Comportamentais

1. A criança pode parecer desinteressada em certas atividades, ou as evita, especialmente aquelas que requerem resposta física. Para a criança com TDC, habilidades motoras são muito difíceis e requerem mais esforço. O fracasso repetido pode fazer com que ela evite participar de tarefas motoras.

2. A criança pode sofrer problemas emocionais secundários, como baixa tolerância à
frustração, auto-estima diminuída e falta de motivação, devido aos problemas para lidar com atividades corriqueiras, requeridas em todos os aspectos da vida.

3. A criança pode evitar socialização com os colegas, principalmente no parquinho.
Algumas crianças procuram crianças mais jovens para brincar, enquanto outras vão
brincar sozinhas. Isso pode ser devido à baixa autoconfiança ou tendência a evitar
atividades físicas.

4. A criança pode parecer insatisfeita com seu desempenho (ex.: apaga trabalho que
escreveu, queixa-se do desempenho em atividades motoras, mostra-se frustrada com o produto do trabalho).

5. A criança pode se mostrar resistente a mudanças na sua rotina ou no ambiente. Se ela tem que fazer muito esforço para planejar a tarefa, depois, mesmo uma pequena mudança na forma de desempenhá-la pode representar um grande problema.

Outras Características Comuns

1. A criança pode ter dificuldade em balancear a necessidade de velocidade com a de
exatidão. Por exemplo, a letra pode ser muito boa, mas a escrita é extremamente lenta.
 
2. A criança pode ter dificuldades acadêmicas em certas disciplinas como matemática, ditado ou redação, que requerem escrita correta e organizada na página.

3. A criança pode ter dificuldade com atividades de vida diária (ex.: vestir-se, usar faca e garfo, dobrar as roupas, amarrar sapatos, abotoar e manejar fechos de correr/zipper, etc.).

4. A criança pode ter dificuldade para completar o trabalho dentro de um espaço de
tempo normal. Uma vez que as tarefas requerem muito mais esforço, ela pode ficar mais inclinada à distração e tornar-se frustrada com uma tarefa rotineira.

5. A criança pode ter dificuldades, em geral, na organização de sua carteira/mesa,
armário, dever de casa ou mesmo do espaço na página.

Se a criança mostrar qualquer uma das características acima e se esses problemas estão interferindo em sua habilidade de participar com sucesso em casa, na escola ou no parquinho, é importante que ela faça uma consulta ao médico da família ou ao pediatra. O médico pode, então, encaminhá-la para um outro profissional de saúde, no centro de tratamento mais próximo. Visto que a criança, geralmente, tem dificuldade com atividades de autocuidado e tarefas escolares, esse profissional de saúde muitas vezes será um terapeuta ocupacional.

Não é incomum que os pais ou professores sejam informados de que a criança vai superar esse distúrbio (Fox & Lent, 1996; Polatajko, 1999). Entretanto, estudos têm mostrado, de maneira bem conclusiva, que a maioria das crianças não supera esses problemas. Embora estas crianças possam aprender a fazer bem certas tarefas, vão continuar a ter dificuldade com tarefas novas, apropriadas para a idade. Além disso, elas estão mais propensas a apresentar problemas acadêmicos, pouca competência social, baixa auto-estima e têm menos chances de manter boa forma física ou participar voluntariamente de atividades motoras (veja Missiuna, 1999 para uma revisão desses estudos).
 
Fonte: Cheryl Missiuna, Ph.D., O.T. Reg. (Ont.)

Tradução: Lívia C. Magalhães, Ph.D., TO (UFMG). Revisão: Jacinta Ribeiro

Crianças com Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação: O Papel do Terapeuta Ocupacional



Terapeutas ocupacionais são educados e treinados para analisar o desenvolvimento das habilidades motoras e também para determinar a habilidade da criança para lidar com demandas e atividades da vida diária. Eles têm a preparação adequada para fazer
recomendações sobre como lidar com a criança que tem problemas de movimento.

Na situação atual dos serviços de saúde, o terapeuta ocupacional (TO) geralmente atua primariamente como consultor. Nesse papel, o TO vai observar e avaliar a criança, para depois fazer recomendações aos pais e professores. Essas recomendações podem incluir estratégias específicas ou acomodações para escrita e outras tarefas na sala de aula; dicas para facilitar o vestir e a alimentação; atividades para melhorar a coordenação motora da criança; idéias para atividades de lazer e esporte na comunidade e o estabelecimento de expectativas apropriadas, para garantir que a criança tenha sucesso.

O TO e outros profissionais de saúde podem ajudar os pais, os professores e a criança a desenvolver melhor compreensão das dificuldades de coordenação que essa criança está tendo. É importante que os pais e professores identifiquem esses problemas o mais cedo possível e aprendam a lidar com eles, de forma a prevenir complicações secundárias (Fox, Polatajko & Missiuna, 1995). Pode ser necessário ensinar à criança estratégias para compensar seus problemas motores, assim como lhe devem ser dadas oportunidades adequadas para praticar as habilidades motoras que precisam ser aprendidas.

É importante educar crianças com TDC de forma que elas se tornem conscientes, tanto de seus pontos fortes como de suas limitações; assim elas passarão a compreender como compensar qualquer dificuldade. Essas crianças experimentarão, assim, mais sucesso e terão mais disposição para tentar as atividades que elas acham difíceis.

Se a criança está tendo muita dificuldade ou mostrando sinais de problemas secundários, emocionais ou de comportamento, o terapeuta pode decidir trabalhar individualmente com a criança, por um curto período de tempo. O TO pode ensinar diretamente as habilidades motoras relacionadas a tarefa que a criança precisa aprender. Ele pode também usar a abordagem cognitiva, para ensinar estratégias de solução de problemas, as quais vão ajudar a criança a aprender qualquer tarefa motora nova (esse tipo de abordagem exige que o TO tenha tido treinamento extra). Em ambos os casos, o motivo e o plano de tratamento serão discutidos com os pais e com a criança. Embora, na maioria dos casos, as dificuldades básicas de coordenação não desapareçam, as crianças mostram melhorias consideráveis na habilidade para desempenhar tarefas específicas e podem ser ajudadas a participar com sucesso das atividades em casa, na escola e na comunidade.

Crianças com Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação: dicas para os Pais



Em Casa

1. Encoraje a criança a participar de jogos e esportes que sejam interessantes para ela e que dêem oportunidade para praticar e se expor a atividades motoras. Devem-se enfatizar atividades físicas e de divertimento, em vez de proficiência e competição.

2. Tente introduzir a criança, individualmente, em atividades esportivas novas ou ao novo parquinho, antes de ela ter que lidar com essas mesmas atividades em situação de grupo. Tente rever as regras e rotinas relacionadas a cada atividade (ex.: regras de futebol ou do basquetebal) em um momento em que a criança não esteja concentrada nos aspectos motores. Faça perguntas simples à criança, para garantir compreensão (ex.: "O que você deve fazer para chutar a bola?"). Aulas individuais podem ser úteis em certos momentos, para ensinar habilidades específicas à criança.
 
3. A criança pode mostrar preferência por esportes individuais (ex.: natação, corrida,
bicicleta, patins) ou obter melhor desempenho neles, em vez de esportes de grupo. Se esse for o caso, então tente encorajar a criança a interagir com colegas em outras
atividades nas quais ela tenha chance de obter sucesso (ex: escotismo, música, teatro, ou artes).

4. Encoraje a criança a ir para a escola com roupas que sejam fáceis de vestir e retirar. Por exemplo: calças de elástico e camiseta de malha, calça de malha ou lycra, suéter e tênis com velcro. Quando possível, use fechos de velcro em vez de botões, fechos de pressão ou cadarços de amarrar. Ensine a criança a manejar fechos mais difíceis quando você estiver com tempo e paciência (ex.: no fim de semana, nas férias), ao invés de quando você está apressada para sair de casa.

5. Estimule a criança a participar de atividades práticas que vão ajudar a melhorar sua
habilidade para planejar e organizar tarefas motoras. Por exemplo: colocar a mesa,
preparar um lanche ou organizar a mochila. Faça perguntas que ajudem a criança a focar na seqüência de passos (ex: “O que você precisa fazer primeiro?”). Reconheça que, se sua criança está ficando frustrada, pode ser que seja o momento de ajudar ou de dar orientação e instruções mais específicas.
6. Reconheça e reforce os pontos fortes da criança. Muitas crianças com TDC
demonstram boas habilidades em outras áreas, tais como: habilidade avançada de leitura, imaginação criativa, sensibilidade para as necessidades dos outros ou habilidade de comunicação verbal elevada.

Fonte:Cheryl Missiuna, Ph.D., O.T. Reg. (Ont.)

Tradução: Lívia C. Magalhães, Ph.D., TO (UFMG). Revisão: Jacinta Ribeiro

Crianças com Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação: dicas para a Escola



Na Escola

Professores e pais podem trabalhar juntos para garantir que a criança com TDC obtenha sucesso na escola. Para os pais, pode ser útil reunir-se com a professora, no início do ano escolar, para discutir as dificuldades específicas da criança e dar sugestões de estratégias que funcionaram bem. Um plano individualizado de educação pode ser necessário para algumas crianças, entretanto, para outras, as seguintes modificações podem ser suficientes.

Na Sala de Aula:

1. Certifique-se de que a criança esteja posicionada apropriadamente na carteira para começar qualquer trabalho. Certifique-se de que os pés da criança estejam totalmente apoiados no chão; que a carteira tenha altura apropriada e que os antebraços estejam confortavelmente apoiados sobre a mesma.
 
2. Tente traçar metas realístas e de curto prazo. Isso vai garantir que, tanto a criança
como a professora, continuem motivados.

3. Tente dar um tempo extra para que a criança complete atividades motoras finas, tais como matemática, escrita, redação, atividades práticas de ciências e trabalhos de arte. Se há necessidade de velocidade, esteja disposta a aceitar um produto de menor qualidade.

4. Quando copiar não for o objetivo, tente preparar folhas de exercício impressas ou préescritas para permitir que a criança foque na tarefa. Por exemplo: dê-lhe folhas com exercícios de matemática previamente preparados; páginas com perguntas já escritas, ou em exercícios de compreensão de texto, ofereça lacunas para preencher. Para estudar em casa, faça fotocópia das anotações feitas por outro aluno.

5. Introduza computador o mais cedo possível, para reduzir a quantidade de escrita à mão que é exigida em períodos mais avançados de escolaridade. Apesar de, a princípio, digitação ser difícil, essa é uma habilidade que pode ser de grande benefício e, na qual, crianças com problemas de movimento podem se tornar bastante proficientes.

6. Ensine às crianças estratégias específicas de escrita à mão, que as encorajem a escrever com letras de forma, ou cursiva, de maneira consistente. Use canetas hidrográficas finas ou seguradores de lápis, se eles parecem ajudar a criança a melhorar o padrão de preensão ou a reduzir a pressão do lápis no papel.

7. Use papel de acordo com as dificuldades de escrita da criança. Por exemplo:
a) linhas bem espaçadas para a criança que escreve com letras muito grandes;
b) papel com linha ressaltada para a criança que tem dificuldade para escrever dentro
das linhas;
c) papel quadriculado para a criança cuja escrita é muito grande ou mal espaçada;
d) papel quadriculado, com quadrados grandes, para a criança que tem problema
para alinhar os números na matemática.

8. Tente focar no objetivo da lição. Se a meta é uma história criativa, então ignore a
escrita bagunçada, mal espaçada ou as várias apagações. Se a meta é que a criança
aprenda a formar um problema de matemática corretamente, então dê tempo para que isso seja feito, mesmo que o problema de matemática acabe não sendo resolvido.

9. Considere a possibilidade de a criança usar métodos alternativos de apresentação para demonstrar compreensão ou domínio do assunto. Por exemplo: a criança pode apresentar o relatório oralmente; pode usar desenhos para ilustrar suas idéias; digitar a redação ou o relatório no computador; gravar a história ou o exame no gravador.

10. Considere a possibilidade de permitir que a criança use o computador para fazer o rascunho ou a cópia final de relatório, da redação ou outros deveres. Se a professora quiser ver o produto antes.

11. Quando possível, permita que a criança dite redações, relatórios de livros ou respostas a perguntas de compreensão para a professora, para um voluntário ou para outra criança. Para crianças mais velhas, pode-se introduzir software para o reconhecimento de voz assim que o padrão de voz da criança estiver maduro o suficiente para ser consistente.

12. Dê tempo adicional, ou acesso a computador, em provas e exames que requeiram
muita escrita.

Na Educação Física:

1. Divida a atividade em partes menores, mas assegure-se de que cada parte tenha sentido e seja possível de ser executada.

2. Tente selecionar atividades que assegurem sucesso para a criança em pelo menos 50% do tempo. Recompense o esforço e não a habilidade.

3. Tente incorporar atividades que requeiram resposta coordenada dos braços e/ou pernas (ex.: pular corda, repicar e agarrar uma bola grande). Encoraje também a
criança para que desenvolva habilidade de usar as mãos no padrão de mão “dominante” e mão “ajudante” (ex.: segurarando a bola de tênis com uma mão para acertá-la com a raquete na outra mão).

4. Mantenha o ambiente o mais previsível possível quando for ensinar uma habilidade
nova (ex.: atirar a bola na altura exata das mãos da criança, iniciar chutando com a bola parada). Introduza mudanças gradualmente, e depois que cada parte tenha sido dominada.

5. Faça com que a participação seja o maior objetivo e não a competição. Por meio de preparo físico e de atividades que construam as habilidades, encoraje as crianças a
competir consigo mesmas e não com os outros.

6. Permita que a criança assuma papéis de liderança nas atividades de educação física
(ex.: capitão de equipe, árbitro). A criança pode desenvolver habilidades de organização e direção, que também são úteis.

7. Modifique o equipamento para reduzir o estresse e o risco de lesões em crianças que estão aprendendo uma habilidade nova. Por exemplo, bolas mais leves, de espuma e borracha com tamanhos graduados, ou balões, podem ser usados para desenvolver
habilidade de agarrar e arremessar.

8. Quando possível, guie passo-a-passo para ajudar a criança a ter a noção do movimento. Isso pode ser feito, por exemplo, pedindo à criança que ajude o professor a demonstrar uma habilidade nova à turma. Além disso, falar alto quando estiver ensinando uma nova habilidade, descrevendo cada passo claramente.

9. Foque na compreensão do objetivo e das regras dos vários esportes e atividades físicas. Quando a criança entende claramente o que ela precisa fazer, fica mais fácil planejar o movimento.

10. Faça comentários encorajadores e positivos sempre que possível. Se estiver dando instruções, descreva as mudanças nos movimentos de maneira específica (ex.: “Você precisa levantar seus braços mais alto.”).

Fonte:Cheryl Missiuna, Ph.D., O.T. Reg. (Ont.)

Tradução: Lívia C. Magalhães, Ph.D., TO (UFMG). Revisão: Jacinta Ribeiro

4 de abr. de 2012

A Importância de como Percebemos o Mundo

Diferentes áreas de funcionamento do sistema nervoso central determinam como nós sentimos, entendemos e reagimos ao mundo.
Como um primeiro esboço para entender estas particularidades biológicas do sistema nervoso central que fazem com que cada indivíduo perceba de forma única o mundo vale caracterizá-las por áreas de funcionalidade.

Do livro “The Child with Special Needs”, Stanley Greenspan e Serena Wieder classificam essas áreas de funcionalidade como:

- Reatividade sensorial: a maneira que nós percebemos as informações através dos sentidos;

- Processamento sensorial: como e quais sentidos nós damos às informações que percebemos no meio através dos nossos sentidos;

- Tônus muscular, planejamento motor e seqüenciamento: a maneira como usamos o nosso corpo e, mais tarde, os nossos pensamentos para planejar e executar uma resposta para as informações que entram em nosso corpo através dos sentidos.

Quando esses três sistemas trabalham harmonicamente eles criam um ciclo contínuo de feedback no qual nós internalizamos sensações como imagens e sons, reagimos a essas sensações com nossas emoções, e tentamos processar e entendê-las e assim organizar nossos pensamentos e comportamentos, além dos nossos sentimentos para interagir harmonicamente com o mundo. Porém, quando uma ou mais partes desse sistema não funciona ou interage bem com os outros, nós perdemos capacidade de funcionar num óptimo estado.

Sem a habilidade de ver, ouvir, cheirar, degustar ou tocar nós viveríamos em total isolamento, seríamos incapazes não somente de sentir, mas também de pensar, pois nós não teríamos nenhuma experiência e as experiências são a base para desenvolver idéias.

Além dos 5 sentidos mais conhecidos, existem os sentidos internos do corpo: o sistema vestibular e o proprioceptivo, estes sistemas são responsáveis pela habilidade de conhecer e reconhecer o próprio corpo, saber aonde ele está no espaço, saber aonde o “eu” termina e o mundo começa.

Esses sentidos nos parecem tão invisíveis por serem automáticos nas nossas ações diárias, mas uma falha no funcionamento ou integração pode ser ilustrada com uma passagem do livro “Sounds of the Gorilla Nation”de Dawn Prince-Hughes: “Eu geralmente não conseguia perceber as pessoas como entidades inteiras, mesmo quando relativamente relaxada. Agora, os pedaços ameaçadores da professora me rodeavam, atacavam-me por todos os ângulos. Eu me vi num furacão de horríveis sensações e criticismo descabido. Eu precisava da minha mãe e sabia que aquele demônio, em forma de sarcasmo que voava em pedaços tinha o poder de manter minha mãe longe de mim. Eu não me lembro como tudo terminou."

Além disso, o sistema vestibular e proprioceptivo permite nos sentirmos seguros e equilibrados quando nos movemos, sentamos ou ficamos em pé, também nos permite perceber a proximidade das outras pessoas sem nos sentir invadidos, além de nos dar alertas de proteção caso nos sentirmos em perigo ou ameaçados. Além disso, nosso afeto ou emoções também funcionam como uma maneira de perceber o que está acontecendo ao nosso redor.

As crianças em que os sistemas sensoriais funcionam em plena harmonia são capazes de perceber e interpretar bilhões de mini pedaços de sinais sensoriais enquanto eles masterizam a habilidade de interagir com as outras pessoas. Mas as crianças que tem o funcionamento do sistema sensorial comprometido ou que não funcione em harmonia com suas várias “partes” podem não perceber ou interpretar de forma peculiar estes pedacinhos de informações enquanto elas aprendem a interagir com o mundo. Aprender a focar a atenção, aprender a interagir e se relacionar com os outros, e a habilidade de aprender a se comunicar provavelmente serão afetados pelo sistema sensorial desbalanceado.

Milhões de vias neurológicas no cérebro interpretam os milhões de pedacinhos de informações sensoriais acumulativas que recebemos e percebemos a cada segundo através do sistema de processamento sensorial. É aqui que damos sentido ao que vemos, ouvimos, cheiramos, degustamos, tocamos e sentimos.

O processamento sensorial (dar sentido ao que sentimos e percebemos) é a primeira forma de processamento que ocorre no cérebro. Os recém-nascidos vivem em um mundo essencialmente sensorial; sua maior tarefa e desafio são lidar com todos os estímulos sensoriais que recebem. Porém, quase que imediatamente começa um segundo tipo de processamento, o cognitivo, que é a capacidade de perceber padrões e criar conexões entre as coisas e acontecimentos.

Um terceiro tipo de processamento que acontece no cérebro é o emocional ou afetivo e refere-se à nossa capacidade de interpretar os sinais emocionais que recebemos dos outros.

Uma das razões das dificuldades que as crianças com necessidades especiais têm com o processamento cognitivo e emocional é que ambos os tipos de processamentos dependem de estímulos sensoriais e em crianças com deficiência, a informação sensorial pode ser confusamente percebida. Quando recebido o estímulo sensorial, ele pode não ser percebido, ser muito forte e exagerado para ser processado ou pode não ter uma forma ou padrão reconhecível para a criança.

O processamento cognitivo que é o pensar, envolve a manipulação dos dados sensoriais que percebemos em volta de nós. Nós combinamos estes diversos dados em vários padrões sobre os quais podemos fazer julgamentos. A maioria de nós somos mais fortes em um sentido do que nos outros, por exemplo, algumas pessoas são mais visuais, isso quer dizer que conseguem receber o estímulo (informação) sensorial através da visão e fazer sentido dela mais facilmente do que se a informação estivesse sido passada oralmente, através de um estímulo auditivo, por isso nós tendemos a confiar um pouco mais sobre a informação que recolhemos através do sentido que é mais dominante.

O sistema de motor é o sistema que nos permite reagir à informação (estímulo) que percebemos no nosso meio. O planejamento motor é a forma de organizar e executar essas respostas motoras.

Dificuldades com o planejamento motor geralmente estão relacionadas com dificuldades gerais de seqüenciamento.

As complexas interações sociais entre as crianças envolvem tipos ainda mais dúbios de seqüenciamento de comportamento, as crianças são imprevisíveis, em comportamento e expectativas. Descobrir qual a distância que se deve manter de alguém numa interação, estar próximo mas não muito grudado que cause desconforto, ou não tão separado que não demonstre interesse, como ser assertivo sem ser agressivo, como brincar sem parecer desrespeitoso ou perigoso - estes e outros comportamentos sociais envolvem padrões complexos de seqüenciamento.

Criar conexões lógicas entre as palavras, idéias ou conceitos envolve também a capacidade de seqüenciação. Freqüentemente, comportamentos com características que pareçam ser um problema de deficit de atenção ou de organização, podem estar relacionados aos desafios subjacentes da capacidade de seqüenciamento.

Na prática, nossos sentidos que são a porta de entrada das informações que nosso corpo terá que processar, entender e reagir podem contribuir ou serem os fatores para diversos comportamentos, alguns exemplos:

Baixa ou não reatividade e sensações de desejo podem tornar algumas crianças ativas e distraídas.
A falta de planejamento motor pode fazer as crianças parecerem perdidas e desorganizadas.
Problemas de processamento auditivo ou visual-espacial pode levar a comportamentos fragmentados e dificuldade em seguir instruções ou regras.
Hipersensibilidade a sons, imagens ou toque pode facilmente fazer as crianças reativas, distraídas e ansiosas ou oprimidas.

Outros marcadores de uma possível dificuldade de processamento sensorial são crianças muito sensíveis ou medrosas, desafiadoras, egoístas, desatentas, excessivamente ativas e buscando sensações:

A reatividade sensorial ou dificuldades de processamento sensorial podem ser a causa para falsas interpretações das informações emocionais e afetivas das pessoas próximas a criança, acabando por culminar reações emocionais inapropriadas e muitas vezes extremas.

O como nós reagimos às sensações, processamos, planejamos nossos movimentos e seqüenciamos nossas ações afeta como nós funcionamos no mundo – como nos relacionamos com as pessoas a nossa volta, quanto somos capazes de comunicar nossos desejos e idéias e como nós vamos conseguir navegar, o muitas vezes conturbado e instável, mundo das emoções.

Um estudo de perfil individual é necessário para se determinar o programa de intervenção adequado. Deve-se observar como a criança reage aos diversos estímulos sensoriais, em diferentes dias e diferentes horários, deve ser observado os padrões de interação da criança com seus pais e parentes mais próximos e vice e versa, também devem ser observadas a linguagem e as capacidades cognitivas, assim como a saúde geral da criança.

Bibliografia:

Greenspan, S I; Wieder - "The Childwith Special Needs - Encouraging Intellectual and Emotional Growth
Prince-Huges, D (2004) - “Songs of the Gorilla Nation” My Journey Through Autism
Winner, M G - "Thinking about You; Thinking about Me - Teaching perspective taking and social thinking to persons with Social Cognitive Learning Challenges"

Texto retirado de: http://umavozparaoautismo.blogspot.com.br/2010/08/importancia-do-como-percebemos-o-mundo.html

2 de abr. de 2012

Vista AZUL e mostre consciência e compromisso com a causa do Autismo

Dia 02 de Abril comemora-se o Dia MUNDIAL de Conscientização do Autismo, data decretada pela ONU (Organização das Nações Unidas), desde 2008, pedindo mais atenção ao transtorno do espectro autista (nome “oficial” do autismo), cuja incidência no Brasil é em torno de 2 milhões, mais da metada ainda sem diagnóstico.

Ano passado o Brasil fez o maior evento de sua história para a data. E agora, em 2012, repete-se com ainda mais força, monumentos serão iluminados de azul, como o Cristo Redentor (no Rio de Janeiro), a Ponte Estaiada, o Viaduto do Chá, o Monumento à Bandeira, a Fiesp e a Assembleia Legislativa (em São Paulo), a torre da Unisa do Gasômetro (em Porto Alegre), o prédio do Ministério da Saúde (em Brasília) e muitos outros locais. No mundo estarão iluminados também vários cartões-postais, como o Empire State Building (nos Estados Unidos), a CN Tower (no Canadá) entre outros — é o movimento mundial chamado “Light It Up Blue”.

O azul foi definido como a cor símbolo do autismo porque a síndrome é mais comum nos meninos — na proporção de quatro meninos para cada menina. A ideia é iluminar pontos importantes do planeta na cor azul para chamar a atenção da sociedade, poder falar sobre autismo e levantar a discussão a respeito dessa complexa síndrome.

SENDO ASSIM, CONVIDAMOS TODOS OS NOSSOS LEITORES A VESTIREM AZUL, A SE PRONUNCIAREM E APOIAREM A CAUSA NO DIA 02 DE ABRIL DE 2012.

NÓS NOS IMPORTAMOS E SABEMOS QUE VOCÊS TAMBÉM!!!!

Dia 02 de Abril comemora-se o Dia MUNDIAL de Conscientização do Autismo


Comentários e Sugestões


Acredito, que o trabalho em conjunto nos faz crescer !!!

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Porque é que a Terapia Ocupacional é importante para as crianças com autismo?

Neste artigo a terapeuta ocupacional Corinna Laurie, que exerce funções em contexto escolar e é diretora da “ Evolve Children’s Therapy...