29 de ago. de 2013

Academia de Integração Sensório-Motora-Cognitiva



Os estudos atualizados de plasticidade neuromuscular realizados por Taub (1999), Nudo (1999), Weiller (1999), vêm demonstrando através de PET scan  (Tomógrafo de Emissão Positrônica) e TSM (Estimulação Transcranial Magnética) o quanto o nosso SNC (Sistema Nervoso Central), especificamente o córtex motor e sua área de representação, pode ser alterado em função de vivências e treinamentos.

Esses estudos comprovam que o treinamento de uma determinada parte do corpo, de forma sistematizada, diversificada e controlada, refletirá num aumento considerável da representação dessa área no mapa cortical.

Por outro lado, alertam para o desuso e as implicações advindas pós-lesão, amputação, traumatismos, etc. como fatores que reduzem a representação do mapa cortical.

Conforme comprovações realizadas nessas e outras pesquisas (Diamond, 2000) a plasticidade cerebral reflete a experimentação e vivência diária do indivíduo (Kandel, 1997). Nosso mapa motor-cognitivo sofre alterações a cada nova experiência e conhecimentos adquiridos.

No entanto sabe-se a importância do córtex associativo para a aprendizagem, especialmente a ação proposital.  Toda a nossa aprendizagem sensório-motora é registrada, decodifica e memorizada através dos caminhos funcionais. As áreas de associação estão relacionadas com percepção, movimento e motivação. Assim movimentos passivos, estimulação táctil passiva e exercícios desprovidos de eficácia funcional para o SNC, não são interpretados pelo córtex associativo.

Dessa forma relacionando à nossa prática terapêutica, um movimento destituído de um aporte funcional não é incorporado por uma criança com lesão neuromotora.(Levin, 2000) (Carr, 1998).

Esses achados, agora comprovados por ferramentas avançadas de análise, estão nos últimos anos modificando as abordagens de tratamento, principalmente o Conceito de Tratamento Neuroevolutivo (NDT), que entende agora, a necessidade não só do feedback motor, como também o feedforward (antecipação) que é a imagética do movimento e da sensação que foi armazenada nos bancos de memória do córtex associativo, impregnada das sensações provocadas pelas experiências prévias e aprendizagens funcionais.  (Lent, 2001)

O movimento está presente no ser humano impregnado de sensações dos sistemas: sensorial somático (propriocepção, tato, nocicepção, pressão e temperatura), vestibular, visual, auditivo e gustativo. De maneira ergonômica o SNC busca sempre as melhoras rotas para realizar essas tarefas operacionais com eficácia energética. (Shumnway-Cook, 1995).

Para Jean Ayres, que desenvolveu a teoria de Integração Sensorial (SI), a organização das sensações do corpo e do meio ambiente em um processo freqüente de reconhecimento, interpretação e ação, resulta na Integração Sensorial.

No desenvolvimento da criança, esse processo é o caminho da decodificação de cada estímulo e a sua resultante, é o desenvolvimento da capacidade de perceber, aprender e organizar estímulos corporais e ambientais e de processá-los para as funções e atividades significativas, é o caminho de dar significado a cada sensação, a cada experiência. (Ayres, 1979).

Essas respostas adaptativas que a criança processa através da experimentação cada vez mais ampla em graus, tipos e combinações de informações sensoriais, são impregnadas de objetivos e intenções e resultam numa modificação do meio ambiente. Essas experiências são armazenadas pelo SNC, e serão as memórias sensoriais resgatadas em experimentações futuras.

Esse processo de interagir com eficiência e segurança às demandas e desafios do meio ambiente, se traduz por maior capacidade de organização sensorial e maior capacidade de produzir respostas adaptativas complexas. (Fisher e col, 1991).
Assim, SI é um processo neuronal de recepção, registro e organização do input sensorial que será utilizado para as respostas adaptativas do nosso corpo às interações com o meio ambiente.
Esse processo inicia-se durante o desenvolvimento pré-natal, e para Ayres, esse processamento reflete-se em desenvolvimento e organização do vínculo pai-filho, em desenvolvimento social, em auto-estima e auto-regulação.
Assim SI não é somente a base da aprendizagem como também é a base de um adequado desenvolvimento emocional.
Sabe-se também que através das redes interconectivas neuronais, os diversos sistemas operacionais se relacionam intercambiando funções e informações.O processamento de informações mais complexo é feito por conexões em série e em paralelo de diversas regiões cerebrais, enquanto que regiões distintas e localizadas são responsáveis por operações elementares. (Kolk, 2000)

Segundo Kandel (1997), mesmo quando a função desaparece de primeiro momento, com o passar do tempo poderá ser retomada parcialmente, porque áreas não lesadas, de uma certa maneira irão reorganizar-se para realizar essa função perdida. A mais simples tarefa cognitiva demandará a coordenação de diversas áreas cerebrais distintas. (Kandel, 1977).

A Neurociência compreende também hoje que aportes cognitivos ampliam aportes motores, que aportes sensoriais ampliam aportes cognitivos e vice-versa sucessivamente (Damásio, 2000).

Conhecendo essas novas descobertas autoras como: Blanche, Botticelli, Hallway, (1995), vêm propondo aos profissionais de reabilitação neuro-motora que utilizem a combinação das abordagens NDT e SI, como formas complementares de tratamento. Enquanto o NDT busca o aprimoramento motor, o SI busca fornecer recursos para diminuir o impacto que o sistema sensorial deficitário causa ao sistema cognitivo-motor.

As equipes formadoras de NDT agora, Bly (1997) entre outras, entedem que os exercícios motores devem equacionar atividades que sejam funcionalmente relevantes para o ambiente sócio-emocional e familiar do indivíduo.

Complementando ainda esses achados, os neurocientistas alertam que a plasticidade neuromuscular tão necessária aos indivíduos com lesão neuromotora só poderá ser eficaz se forem considerados os fatores: quantidade, sistematização, freqüência, adequação funcional e ativação do sistema motivacional.

O Sistema Límbico, um dos principais sistemas responsáveis pelas emoções, tem importante influência sobre a plasticidade cerebral. A felicidade e o medo podem ativar ou paralisar respectivamente o córtex motor.

Considerando o acima exposto brevemente, sugerimos uma sala de estimulação sensório-motora-cognitiva, rica de atrativos visuais, desafios e facilitadora de experiências funcionalmente ativadoras de mecanismos de ajustes posturais (reações de endireitamento, de equilíbrio e proteção), de experimentações graduadas motoras e sensoriais.

Uma verdadeira academia de fortalecimento de aprendizado integral, lúdica e um lugar de aconchego emocional e bem-estar.  Um lugar para as crianças brincarem felizes enquanto fortalecem e ampliam as redes neuronais do córtex integrativo.


Bibliografia :

Ayres, A. J. Sensory integration and the child, Los Angeles, Western Phychological, 1979.

Blanche, E. I., Botticelli, T. M., Hallway, M. K. Combining neuro-developmental treatment and sensory integration principles an approach to pediatric therapy, Arizona, The Psychological Corporation, 1995.

Bly, L. A historical and current view of the basis of NDT, Pediatric Physical Therapy, 3:131-135., 1991

Carr, J. H. e Shephered, R. B. Neurological Rehabilitation. Optimizing  motor performance, Oxford, Butterworth Heinemann, 1998.

Cohen, H. Neurosciense for Rehabilitation, Texas, Lippincott Williams & Wilkins, 1999.

Diamond, M. e Hopson, J. Árvores Maravilhosas da Mente, Rio de Janeiro, Editora Campus, 2000.

Damásio, A. R. O erro de descartes, emoção, razão e o cérebro humano, São Paulo, Companhia das Letras, 2000.

Fisher, A. G., Murray, E. A., Bundy, A. C.  Sensory Integration, Theory and Pratice, Philadelphia, F. A. Davis Company, 1991.

Gazzaniga, M.S. (ed.) The Cognitive neurosciences, The MIT Press, Massachussets, 1997

Kandel, E. R., Schwartz J. H., Jessell, T. M. Fundamentos da neurociência e do comportamento, Rio de Janeiro, Editora Prentice-Hall do Brasil Ltda, 1997.

Kolk, H. H. J. Multiple Route Plasticity, Brain and Language, 71: 29-131, 2000.

Lent, R. Cem bilhões de neurônios, conceitos fundamentais de neurociência, São Paulo, Editora Atheneu, 2001.

Levin, H. S. e Grafman, J.(eds.) Cerebral Reorganization of Function After Brain Damage, New York, Oxford University Press, 2000.

Nudo, R. J. e Friel, K. M. Cortical plasticity after stroke: implications for rehabilitation,Revue Neurologique, 155 : 713-17, 1999.

Shumway-Cook, A. e Woollacott, M. Motor Control, Theory and practical applications, Baltimore, Lippincott Williams & Wilkins, 1995.

Taub, E. e col. Constraint-Induced Movement Therapy: A new family of techiques with broad apllication to Physical rehabilitation - a clinical review . Journal of Rehabilitation Research and Development, Vol. 36 (3): 363-379, 1999.
  
Weiller, C. e Rijntjes, M. Learning, plasticity, and recovery in the central nervous sustem. Experimental Brain Research 128: 134-138, 1999.

Autora do texto: Gisleine Philot, Terapeuta Ocupacional

28 de ago. de 2013

10 maneiras de ajudar a fortalecer a musculatura do seu filho

Conforme o bebê se desenvolve, a consciência do próprio corpo, o equilíbrio e a agilidade aumentam. Para ajudar nesse processo, a ordem é fortalecer a musculatura.




1 - Ginástica labial
É fundamental para o desenvolvimento da fala fortalecer os músculos faciais envolvidos na emissão dos sons. A força que o recém-nascido faz na amamentação, sugando o leite da mãe, já contribui para trabalhar essa área. Se ele precisar de mamadeira, prefira as de bicos ortodônticos. Além de ser mais anatômico e confortável, o furo para a saída de leite é menor. Assim, o bebê é obrigado a aplicar mais força para a sucção, como fazia no peito, o que fortalece os músculos da região facial. 
2 - De barriga para baixo
Seu filho começa a fortalecer o corpo entre o primeiro e o sexto mês. Como o desenvolvimento motor grosso (que envolve as atividades dos grandes músculos, como sentar e andar) se dá no sentido céfalo-caudal (da cabeça para os pés), o primeiro passo é fortalecer a musculatura do pescoço. Já a partir do primeiro mês, deixe seu filho ao menos dois períodos por dia apoiado de barriga para baixo em uma superfície plana e firme. Desse modo, o bebê pode se apoiar com segurança e levantar a cabeça. Aos 6 meses, ele vai começar a se sentar sozinho. Arrume várias almofadas ao redor dele para ajudá-lo a se firmar. 
3 - Menos colo, mais chão!
É claro que o aconchego é uma delícia e você tem vontade de ficar com seu bebê o mais perto possível a maior parte do tempo. No entanto, permitir que os pequenos se movam livremente é fundamental a partir dos 6 meses. Isso porque, normalmente, as crianças que têm um desenvolvimento motor superior são as que não ficam tanto tempo no colo. 
4 - Clap, clap, tum, tum 
Um dos melhores jeitos de desenvolver a coordenação motora é ensinar ritmo ao seu filho. Para isso, basta utilizar as mãos. A partir do sétimo mês, bata palmas com ele ao som das músicas favoritas de vocês, intercalando canções lentas com outras aceleradas, para que ele possa perceber a diferença.Você vai ver que seu bebê conseguirá bater as mãozinhas – ainda que de um jeito meio desengonçado! 
5 - Lápis e papel à mão
A arte é sempre uma importante aliada do desenvolvimento. Perto dos 14 meses, seu filho é capaz de segurar o lápis e fazer traços. A folha representa uma área que a criança não pode ultrapassar enquanto rabisca. Por isso, esse exercício ajuda a desenvolver a noção de espaço. Fique ao lado dele e explique por que não se deve extrapolar a fronteira do papel, mostrando os limites da folha que devem ser respeitados. 
6 - Tudo cabe
A partir dos 7 meses, o bebê começa a segurar objetos e, por volta de 1 ano e meio, já pode começar a fazer encaixes. Além de ser um bom exercício para a coordenação, trabalha também a parte visomotora – ou seja, por meio da visão, a criança tem a noção de qual peça caberá dentro da outra. Para que seu filho se divirta e aprenda com o tira e põe, ele pode brincar com panelas e canecas plásticas enquanto você prepara o almoço. A partir dos 2 anos e meio, também ofereça quebra-cabeças pequenos (cerca de seis peças). 
7 - Degrau por degrau 
Subir escadas é um ótimo exercício para desenvolver a agilidade e a coordenação motora grosseira, além de auxiliar no fortalecimento da musculatura. Com 1 ano de idade, a criança já consegue executar a atividade, mas ainda colocando os dois pés no mesmo degrau, um de cada vez. Com o crescimento, vai ganhando força e equilíbrio até que, perto dos 3 anos, provavelmente subirá colocando um pé em cada degrau alternadamente. Ainda nessa fase é indispensável que ele esteja acompanhado de um adulto nesses momentos, para evitar acidentes. 
8 - Poder da massa 
As massinhas auxiliam na coordenação motora fina, pois possibilitam que a criança realize uma série de movimentos elaborados relacionados à pinça (formada na junção do polegar com os outros dedos da mão). A partir dos 2 anos, você já pode ajudá-lo a fazer bolinhas, bonecos, a esticar a massa e apertá-la... Só fique atento para que os menores não confundam a massa com o lanche, pois ela não pode ser engolida. 
9 - Pular amarelinha 
A partir dos 2 anos e meio, seu filho já é capaz de dar saltos com os dois pés juntos dentro dos dez quadrados que separam o céu do inferno. Assim, ele trabalha a noção de espaço, ao seguir as linhas traçadas no chão, e o equilíbrio. Por volta dos 4 anos, aprenderá a pular em um pé só. Mesmo antes disso, você pode incentivá-lo a tentar, segurando a sua mão. A partir dos 6, aumente o grau de dificuldade da brincadeira: ele terá de desviar de mais quadrados ou chegar até o outro lado em menos tempo. 
10 - “Eu coloco sozinho!”
 Aos 2 anos, seu filho começa a tentar se vestir sem ajuda, o que é ótimo para desenvolver a coordenação motora fina. Dê uma mãozinha selecionando calças com elástico, camisetas com a gola mais aberta e tênis com fechos de velcro. Com o ato de se vestir, ele também percebe a importância da sequência lógica – precisa, por exemplo, calçar a meia antes do sapato. Com 6 anos, já estará abotoando e desabotoando casacos como um adulto e até conseguirá amarrar os cadarços sem ajuda.

7 de ago. de 2013

Avaliar a Disfunção de Integração Sensorial


Ayres desenvolveu 17 testes estandardizados e muitas observações que contribuíram para a identificação e compreensão dos múltiplos padrões de integração sensorial. Hoje eles são chamados de Sensory Integration Praxis Tests (SIPT).
Padrões de integração sensorial incluem contribuições sensoriais para descoordenação motora, atrasos na motricidade grossa e fina, défices de equilíbrio, pobre praxis, bem como respostas invulgares à sensação (hiperresponsividade, hiporesponsividade e flutuações).
Na prática, a SIPT é considerada o gold-standard para avaliar disfunções de integração sensorial. Está concebida para crianças em idade escolar sem desordens motoras severas ou mentais. Deve ser usada em indivíduos mais velhos. É comummente usada com crianças diagnosticadas com autismo de alto funcionamento ou síndrome de Asperger. Para esses indivíduos para os quais a SIPT não é apropriada, outros métodos e avaliações devem ser usados para obter a informação. Apenas profissionais certificados na SIPT são capazes de administrar o teste e avaliar os resultados.

Fonte:http://www.7senses.pt/asi.html

6 de ago. de 2013

Cutucando “O”s




O Cutucando “O”s é uma brincadeira simples e prazerosa que estimula o sistema visual. Mesmo que não seja uma brincadeira rejuvenescedora, como ir  ao clube com os amigos por exemplo, isso ajudará a passar o tempo mais rápido quando  sua criança estiver em uma sala de espera, ou doentinha em casa ou atémesmo procurando por alguma brincadeira divertida.

Idade ideal para o desenvolvimento da atividade: 6 anos para cima.
O que você irá precisar:
  • Marcador de textos;
  • Corretivo de caneta;
  • Cronômetro;
  • Jornal ou revista.

Como sua criança pode brincar?
  • Usando o marcador de textos, peça a criança que colora todos os “O”s que ela ver em um parágrafo ou em uma página da revista.
  • Com o corretivo, peça a ela que cutuque todos os “O”s que ela ver na página.
  • Marque o tempo de 1 minuto e depois conte quantos “O”s ela conseguiu marcar. Vocês até podem fazer um campeonato em família.
Benefícios da atividade:
  • Ao procurar  “O”s na revista, trabalha-se as habilidades de discriminação visual.
  • O cutucar os “O”s estimula a melhora da coordenação olho-mão, coordenação bilateral e controle motor fino.
  • O uso do corretivo na brincadeira auxilia no fortalecimento da musculature intrínseca da mão, estimulando o sistema proprioceptivo.

Porque é que a Terapia Ocupacional é importante para as crianças com autismo?

Neste artigo a terapeuta ocupacional Corinna Laurie, que exerce funções em contexto escolar e é diretora da “ Evolve Children’s Therapy...