26 de mai. de 2014

Crianças com disfunção em integração sensorial – sinais de alerta



Todos nós, desde que nascemos, temos um impulso inato para agir sobre o meio. É através desta interação com o meio ambiente que nos vamos tornando competentes para responder aos desafios do dia a dia. A Terapia Ocupacional centra precisamente a sua abordagem nesta dimensão ocupacional do ser humano.



É através da Integração Sensorial que o mundo ganha sentido, quando recebemos, registamos, organizamos e interpretamos toda a informação que chega ao nosso cérebro através dos nossos sentidos.

A incapacidade de dar respostas de forma adaptada tem, por isso, muitas vezes, origem em disfunções de integração sensorial, ou seja, na agilidade para processar estas sensações e os seus significados.

Os pais, em particular, devem atender a alguns sinais de alerta desta disfunção no desenvolvimento da criança, para que uma intervenção seja o tão precoce quanto possível.

É o caso, por exemplo, da necessidade excessiva de estímulos sensoriais, o que leva a criança a estar constantemente a tocar, saltar, esbarrar, fazer barulhos ou a levar tudo à boca.

Os pais devem estar atentos igualmente a uma sensibilidade exagerada a determinadas sensações, levando a criança a reagir mal ou a evitar as sensações a que é hipersensível: a criança pode, por exemplo, reagir mal ao toque ou a texturas (como tintas, areia, abraços, beijinhos, textura dos alimentos, etc.); pode ter medo do movimento (como andar de baloiço ou trepar); pode reagir mal ao som mais intenso (colocando as mãos nos ouvidos ou com choro); pode manifestar desconforto excessivo com as luzes, etc.

Por outro lado, há também que estar vigilante em relação a uma sensibilidade diminuída aos estímulos, o que leva a criança a parecer desligada, com dificuldade em se envolver e/ou virada para si mesma: pode também ser sedentária, lenta e desorganizada a realizar as suas tarefas; pode ter dificuldade em estabilizar o corpo durante o movimento, fraqueza muscular e pobre resistência; ou em manter a postura sentada ou em pé (ex. durante as tarefas escolares deita-se em cima da mesa, apoia a cabeça nas mãos; quando está numa fila encosta-se aos outros); ser descoordenada e/ou desajeitada.

São também sinais, no quotidiano, a dificuldade em planear uma sequência de ações ou em realizar novas atividades motoras, em organizar as tarefas ou brincar, e aprender a vestir-se, despir-se e a comer (pode ser trapalhona, sujar-se, não usar adequadamente os talheres), a irritabilidade ou a dificuldade em se acalmar, a tendência para fazer birras, e problemas de atenção e concentração.

Identificado algum tipo de disfunção através do diagnóstico adequado, o terapeuta ocupacional recorre a técnicas de avaliação e de intervenção dirigidas à criança ou à modificação/ alteração do ambiente, tendo em vista facilitar o desempenho e envolvimento da criança no seu dia a dia, promovendo uma maior adaptação e satisfação. Uma tarefa em que o acompanhamento e envolvimento do contexto familiar se torna fundamental.

Paula Serrano, com a colaboração do Departamento de Terapia Ocupacional, da Escola Superior de Saúde de Alcoitão, Santa Casa da Misericórdia de Lisboa

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