29 de set. de 2017

Autismo e Integração Sensorial



Integração Sensorial é a habilidade em organizar, interpretar sensações e responder apropriadamente ao ambiente, auxiliando nas atividades do dia-a-dia.
Kanner  e Asperger descreviam reações fora do comum de seus pacientes autistas com relação aos sons, toque, cheiros, estímulos visuais e paladar.
Alguns estímulos aparentemente comuns são percebidos como algo estressante, causador de medo e ansiedade, enquanto outros, como fontes de prazer e satisfação.
Crianças autistas com problemas sensoriais apresentam dificuldade em interpretar e organizar as informações sensoriais vindas do seu próprio corpo ou do ambiente.
Uma criança autista pode, por exemplo, ignorar um barulho muito alto ou não responder ao seu nome (Hipo-resposta), e ficar agitada e gritar ao escutar o barulho de liquidificador, enceradeira, secador de cabelo ou latido de um cachorro (Hiper-resposta). Pode ainda, reagir emocionalmente ou agressivamente ao toque (Hiper-resposta) ou apresentar necessidade incomum de tocar certos brinquedos, superfícies, texturas ou pessoas (Hipo-resposta).
A criança autista que apresenta Hiper-resposta  a estímulos sensoriais pode demonstrar alterações comportamentais como: agitação, choro imotivado, irritabilidade, movimentos estereotipados excessivos ou agressividade. Já a criança que apresenta Hipo-resposta  demonstra comportamento de passividade, sem reação aos estímulos externos e  pouca resposta para estímulos como toque, sons, cheiros, sabores e texturas.
Nesse sentido a abordagem de Integração Sensorial em crianças autistas, tem como objetivo: Diminuir movimentos estereotipados, aumentar a capacidade de atenção, comunicação, interação social, organização interna e melhorar desempenho em atividades do dia-a-dia.
Trabalhar a  INTEGRAÇÃO SENSORIAL promove:
o    Organização de conduta à criança;
o    Fornece condições para que a criança explore o ambiente.
o    Aumento da habilidade em manter a atenção;
o    Melhora na coordenação e planejamento dos movimentos para que a criança obtenha sucesso nas atividades que lhe interessam;
o    Melhora na autoestima e confiabilidade em si e em suas habilidades;
o    Melhora nos aspectos sociais e ambientais a partir da participação nestes contextos.
Quando o processo de Integração Sensorial é desorganizado, vários problemas de aprendizagem, desenvolvimento ou comportamento podem aparecer. Muitas crianças com distúrbio de Integração Sensorial são incapazes de brincar. Há certos distúrbios que tornam difícil para a criança interagir com o brinquedo. Pode parecer desajeitado em atividades que envolvam movimentos (Jogar futebol, pular corda) ou não conseguir manter um objeto seguro nas mãos, podem estar ligados diretamente ao processamento inadequado das informações sensoriais e a consequente não integração das informações sensoriais.
Uma sensação pode ser agradável para uns e extremamente desagradável para outros. Isso ocorre porque o caminho que as sensações fazem até o cérebro pode ser diferente na sua intensidade, com isso as respostas vindas do cérebro podem ser de Hipersensibilidade (+), de Hipossensibilidade(-) ou Intensidade Adequada
Os pais geralmente conhecem e compreendem seus filhos melhor que qualquer pessoa e às vezes precisam de ajuda para entenderem alguns comportamentos que observam nas crianças.
Indicadores de disfunção de INTEGRAÇÃO SENSORIAL:
o    Escolher sempre os mesmos brinquedos, preferencialmente aqueles que têm um papel claro e bem definido;
o    Passar de uma atividade a outra com frequência, não concluindo essas atividades;
o    Ao desenhar faz sempre as mesmas figuras;
o    Ser desajeitado e esbarrar em tudo que encontra;
o    Ter dificuldade de pegar uma bola ao ser jogada, não antecipando o movimento;
o    Preferir muitas vezes atividades mais sedentárias;
o    Apresentar dificuldades na alimentação, vestuário e higiene pessoal;
o    Apresentar dificuldade na imitação;
o    Evitar situações novas, frustrar-se facilmente;
o    Preferir seguir rotinas;
o    Criar rituais e rotinas;
o    Dificuldade em julgar a força necessária para tocar uma pessoa ou um objeto;
o    Apresentar incômodo ao cortar as unhas e cabelo;
o    Incomodar-se com etiquetas nas roupas;
o    Incomodar-se com um simples carinho, reagindo agressivamente, parecendo ansioso OU tocando objetos e pessoas excessivamente;
o    Não anda descalço OU adora andar descalço principalmente na areia ou grama;
o    Chora quando toma banho no chuveiro OU adora tomar banho no chuveiro;
o    Evita o toque e está sempre distante das pessoas OU quando tocado não percebe o toque;
o    A alimentação é seletiva, escolhe alimentos com base na mesma textura ou consistência OU adora comer alimentos com texturas variadas, crocante e/ ou apimentados;
o    Escovar os dentes parece muito sofrido;
o    Enjoa ao andar em carro ou ônibus;
o    Barulho de geladeira, liquidificador e ventiladores incomodam, muitas vezes dificultando sua atenção nos ambientes;
o    Evita parquinho (gira-gira, balanços, escorregador) OU adora parquinho e procura muita intensidade nesses brinquedos;
o    Não gosta de permanecer em filas;
o    Evita sujar-se, não gosta de brincadeiras que envolvem pintura, argila OU suja-se nas brincadeiras e não demonstra qualquer incômodo; não percebe que está sujo;
o    Usa roupas torcidas no corpo;
o    Morde-se OU morde o outro;
o    Parece ter prazer em cair;
o    Parece não ter saciedade OU não sentir fome;
o    Parece não ouvir e adora música alta;
o    Cheira objetos;
outros indicadores de  DISFUNÇÃO DE INTEGRAÇÃO SENSORIAL (DIS)
o    Atraso na fala, na linguagem, nas habilidades motoras ou nas aquisições escolares;
o    Problemas com autoestima, podendo parecer preguiçosa, entediada ou desmotivada, evitando as tarefas que são difíceis ou que a envergonham.
Conhecer o perfil sensorial da criança é muito importante, pois há associação direta entre o comportamento apresentado e a maneira como uma sensação é recebida do meio ambiente.
O que caracteriza a Terapia de INTEGRAÇÃO SENSORIAL (IN)
A Terapia de integração sensorial se realiza em um ambiente com vários estímulos, onde a criança poderá explorar os sistemas sensoriais e fazer bom uso destas, de uma forma lúdica e integrada com a Terapeuta Ocupacional (Ou outro profissional preparado)e  com pais.

Avaliação - Sensory Integration and Praxis Test - SIPT

 O SIPT consiste em uma avaliação padronizada da abordagem de Integração Sensorial de Ayres que reúne 17 testes fundamentados teoricamente por pesquisas científicas desde os anos 60. Esta avaliação é produto de mais de 30 anos de investigações e prática clínica da terapeuta ocupacional Jean Ayres sobre a Integração Sensorial e as Disfunções do Processamento Sensorial.
            O SIPT nos permite avaliar e expressa em detalhes, resultados quantitativos e qualitativos de diagnósticos dos distúrbios de integração sensorial e práxis. A aplicação e interpretação dos resultados só pode ser realizada por um terapeuta ocupacional com formação específica para o SIPT através da Certificação completa em Integração Sensorial (VIDE informações sobre a Certificação no Brasil). Os resultados desta avaliação descrevem as evidências do diagnóstico de disfunções do processamento sensorial e favorece ao terapeuta e sua equipe, o direcionamento do tratamento e orientações necessárias à família e à escola.
            É válido esclarecer que o SIPT não oferece medidas de inteligência ou do desempenho acadêmico de uma criança mas, é um método padronizado para avaliar a práxis humana e suas habilidades fundamentais, como os sistemas tátil, vestibular e proprioceptivo, os quais apresentam relações significativas na aprendizagem e no comportamento.
            Sua aplicação é indicada para crianças de 4 a 8 anos e 11 meses e ele pode ser utilizado em conjunto com outras avaliações de Integração Sensorial como Observações Clínicas, Perfil Sensorial e Sensory Processing Measure (SPM). Além disso, o processo de avaliação deve ser enriquecido com observações livres, histórico do paciente e entrevistas com a família.
            O SIPT é composto por 17 testes organizados em quatro categorias:
                         
1. Percepção Visual Motora Livre
Os testes desta sessão avaliam a habilidade de perceber e discriminar visualmente a forma e o espaço sem envolver a coordenação motora. Os testes nos possibilitam também avaliar qual a mão que a criança usa e se cruza a linha média do corpo de forma espontânea ou tende a usar apenas um lado do seu corpo.

2. Somatosensorial
Os testes desta sessão avaliam percepção muscular, tátil e das articulações.  Nos testes somatosensorial as crianças são convidadas a "sentir" ao invés de "ver".

3. Praxis
A habilidade prática é avaliada de seis maneiras diferentes: interpretar verbalmente instruções e assumir determinadas posições; habilidade de copiar modelos simples em representação dimensional; habilidades constitucionais (avaliação da forma visual e percepção de espaço). Imitação de posturas corporais, movimentos e posição oral: de mandíbula, língua e lábios. E por último, imitação de movimentos seriados de braços e mãos.

4. Sensório – motor
Quatro testes sensório - motores que envolvem a integração sensorial estão incluídos no SIPT. O primeiro é a coordenação bilateral (habilidade de coordenar os dois lados do corpo), equilíbrio estático e dinâmico, precisão motora (avalia a coordenação olho-mão, capacidade prática, percepção visual e coordenação motora) e finalmente, o Nistagmo Pós Rotatório. Este, mede a duração dos movimentos reflexos do olhos após a rotação do corpo e é especifico para identificar como o sistema nervoso está integrando sensações do sistema vestibular.

Abaixo, os 17 testes que são aplicados e analisados no SIPT:

1. Visualização Espacial
2. Figura Fundo
3. Equilíbrio Estático e Dinâmico
4. Cópia do Desenho
5. Práxis Postural
6. Coordenação Motora Bilateral
7. Práxis do Comando Verbal
8. Práxis Construcional
9. Nistagmo pós Rotatório
10. Precisão Motora
11. Práxis Seqüencial
12. Práxis Oral
13. Percepção Manual da Forma
14. Cinestesia
15. Identificação de dedos
16. Grafestesia
17. Localização dos Estímulos Táteis

Referências:
MAILLOUX,Z. AN Overview of the Sensory Integration and Práxis Test. The American Journal of Occupational Therapy, v44, n7, 1990.
BODISON, S., MAILLOUX,Z. The Sensory Integration and Práxis Tests: Illuminating Struggles and Stengths in Participation at School. OT Practice, v.11 n17, 2006.

Fonte: www.integracaosensorialbrasil.com.br

O papel do Terapeuta Ocupacional no tratamento do Autismo


  O papel do Terapeuta Ocupacional no tratamento do Autismo

O autismo é uma disfunção global do desenvolvimento, que afeta a capacidade de comunicação do indivíduo, de socialização e de comportamento. Não se conhece a causa do autismo, mas, estudos em gêmeos Monozigóticos indicam que a desordem pode ser em parte, genética, porque tende a acontecer em ambos os indivíduos.

Em muitos casos, já existe possibilidade de detectar esta disfunção antes dos dois anos de idade.

Segundo a ASA (Autism Society of American), indivíduos com autismo usualmente exibem pelo menos metade das características listadas a seguir:

- Dificuldade de relacionamento com outras pessoas;
- Riso inapropriado;
- Pouco ou nenhum contato visual;
- Aparente insensibilidade à dor;
- Preferência pela solidão; modos arredios;
- Rotação de objetos;
- Inapropriada fixação em objetos;
- Perceptível hiperatividade ou extrema inatividade;
- Ausência de resposta aos métodos normais de ensino;
- Insistência em repetição, resistência à mudança de rotina;
- Não tem real medo do perigo (consciência de situações que envolvam perigo);
- Ecolalia (repete palavras ou frases em lugar da linguagem normal) e estereotipias;
- Recusa colo ou afagos;
- Age como se estivesse surdo;
- Dificuldade em expressar necessidades - usa gesticulação e apontar no lugar de palavras;
- Acessos de raiva - demonstra extrema aflição sem razão aparente;
- Irregular habilidade motora - pode não querer chutar uma bola, mas pode arrumar blocos.

É importante salientar que nem todos os indivíduos com autismo apresentam todos estes sintomas, porém a maioria dos sintomas pode estar presente nos primeiros anos de vida da criança, estes variam de leve a grave e em intensidade de sintoma para sintoma. Vale lembrar que a ocorrência desses sintomas não é determinista no diagnóstico do autismo, para tal, se faz necessário acompanhamento com psiquiatra infantil ou neuropediatra. Não existem exames laboratoriais ou de imagem que diagnostiquem o autismo, o diagnóstico é clínico, apenas através de observação.


Quais são os benefícios da Terapia Ocupacional para a criança com Autismo?

Quando falamos em Terapia Ocupacional Infantil, nos remetemos a três grandes áreas nas quais são de extrema importância na infância: AVDs (atividades da vida diária), atividades relacionadas ao trabalho escolar e o brincar. A criança aprende sobre o mundo quando interage com ele, usando as informações que lhe chegam pelos sentidos, essas interações se dão através do brincar, sendo este o principal recurso utilizado pela Terapeuta Ocupacional.

O objetivo global da terapia ocupacional é ajudar a pessoa com autismo a melhorar a qualidade de vida em casa e na escola. O terapeuta ajuda a introduzir, manter e melhorar as habilidades para que as pessoas com autismo possam chegar à independência.

Estas são algumas das habilidades que a terapia ocupacional pode promover:

•             Habilidades da vida diária, tais como o treinamento do toalete, vestir-se, escovar os dentes, pentear cabelos, calçar sapatos, e outras habilidades de preparação;
•             Habilidades motoras finas necessárias para a realização de caligrafia ou cortar com uma tesoura;
•             Habilidades motoras utilizadas para andar de bicicleta;
•             O sentar adequado, percepção de competências, tais como dizer as diferenças entre cores, formas e tamanhos;
•             Consciência corporal e sua relação com os outros;
•             Habilidades visuais para leitura e escrita;
•             Brincar funcional, resolução de problemas e habilidades sociais;
•             Integração dos sentidos, realizado através da abordagem de integração sensorial com objetivo de diminuição de estereotipias;

Ao trabalhar sobre essas habilidades durante a terapia ocupacional, uma criança com autismo pode ser capaz de:

•             Desenvolver relacionamentos com seus pares e adultos;
•             Aprender a se concentrar em tarefas;
•             Expressar sentimentos em formas mais adequadas;
•             Envolver-se em jogo com os pares;
•             Aprender a se auto-regular;
•             Realizar atividades mais refinadas como: escovar dentes, lar laço, vestir-se etc.
•             Independência;
•             Aprendizagem;
•             Autoconfiança;

Fonte: http://terapiaoculpacional.blogspot.com.br/2011/08/autismo-e-intervencao-da-terapia.html


Enfim, um objetivo de extrema relevância da Terapia Ocupacional é orientar as Famílias, bem como professores e demais profissionais que precisam de ajuda para compreender e sabe lidar com crianças portadoras de autismo, para que estas se desenvolvam e consigam interagir nos ambientes que frequentam e com as pessoas com as quais convive.

Fonte: CREFITO 9

Porque é que a Terapia Ocupacional é importante para as crianças com autismo?

Neste artigo a terapeuta ocupacional Corinna Laurie, que exerce funções em contexto escolar e é diretora da “ Evolve Children’s Therapy...